Arquivo da tag: josé roberto prado

Não as impeçam! ~ por José Roberto Prado

O Estado as ignora na falta de postos de saúde, de médicos, de vagas nas escolas e de professores capacitados e bem remunerados; na falta de praças e quadras, na falta de propostas culturais, enfim, elas são ignoradas na falta de políticas públicas que as protejam.

O mercado não as ignora, pelo contrário, as explora.

Aproveita sua ingenuidade, sua não-resistência aos complexos mecanismos de manipulação marqueteira e sua incomparável capacidade de convencimento dos mais velhos.

O mercado as forma, conforma, transforma e deforma em ávidos consumidores, clientes acríticos e fiéis dos supérfluos, das marcas, das novidades de cada estação.

A família, na maioria das vezes, não lhes ignora nem explora.

A família simplesmente as abandona.

Não se ofenda e nem se engane. São pessoas corretas, pais e mães responsáveis, preocupados com o futuro, comprometidos a proporcionar-lhes educação, saúde e claro, um lazer de vez em quando.

Para a grande massa da população brasileira, proporcionar estes “privilégios” significa que ambos, pai e mãe, trabalhem fora em jornadas de trabalho que chegam a 14 horas por dia.

Com grande sentimento de culpa, é verdade, seus pequenos são deixados aos cuidados ininterruptos e corruptos das sofisticadas e multicoloridas telas das “babás eletrônicas” – entenda-se Tvs, DVDs, Videogames e computadores.

Continue lendo

A Igreja e a Cidade ~ por José Roberto Prado

Vivemos num mundo cada vez mais dividido pela ideologia, religião e o mercado.

A sociedade brasileira fragmenta-se aceleradamente pela corrupção, desigualdade e violência.

Grande parte de nossas lideranças políticas, judiciárias e religiosas, de onde se esperaria vir esperança, reproduzem apenas sombras, morte e dor.

Tudo isso faz nascer uma sede crescente por respostas e propostas dignas de serem vividas e que sejam capazes de transformar não somente indivíduos, mas também sistemas e estruturas corrompidas pelo pecado.

O maior patrimônio de uma cidade é seu povo e cultura. Esta riqueza delineia sua identidade, tornando-a única no cenário nacional e também diante de Deus.

Deus ama cada pessoa, família, comunidade e cultura. É seu plano que o maior número possível de pessoas e comunidades compreenda seu amor e sejam transformadas por ele.

Nossas cidades são complexas, é verdade, mas não precisam ser injustas e violentas. Continue lendo

Meu Brasil, Tua Igreja ~ por José Roberto Prado

Segundo dados do IBGE, na década de noventa a igreja brasileira cresceu a um ritmo quatro vezes superior ao crescimento da população. Este crescimento numérico, ainda que exponencial, sozinho, não produz igrejas fortes (maduras), e por isso também não resulta “naturalmente” numa nação transformada pelo Evangelho.

Para tristeza daqueles que se deixam mover pela aparente força da multidão, ao olharmos abaixo da superfície veremos que boa parcela deste crescimento não é fruto de um processo sadio (o aprofundamento dos padrões bíblicos) e também não é experimentado por todas as linhas que compõe o que se chama de “igreja evangélica brasileira” hoje. Pelo contrário, existem muitas igrejas encolhendo.

Continue lendo

E agora, José? ~ por José Roberto Prado

Carlos Drummond de Andrade cunhou esta expressão em seu poema “José”, em 1942.

Como mestre, o poeta retrata o vazio e a “não direção” latente na alma do povo Brasileiro, imerso nas angústias e incertezas dos sombrios anos da Segunda Grande Guerra Mundial.

Por eu mesmo ser “José” e filho de José, desde que me conheço por gente esta pergunta me acompanha.

Nas Escrituras encontramos também alguns “Josés”.

Ao contrário do José do poeta, poético e emblemático, estes são históricos, pessoas reais.

Marido de Maria e chefe da casa onde Jesus nasceu, do José carpinteiro pouco sabemos, somente uma vaga imagem rascunhada nos primeiros anos do menino. Maria é presente do nascimento à morte. Segue a Jesus e é inclusive encontrada aos pés da Cruz.

E José? Onde estava o José?
Continue lendo

A semana em que o país morreu! ~ por José Roberto Prado

Plantas morrem, animais morrem e ouvi falar que estrelas e galáxias também morrem.

Pessoas morrem a cada minuto, seja nas estradas, nas esquinas, em casa, no trabalho, quer estejamos cientes ou não, elas se vão.

Pais e mães morrem. Amigos e inimigos.

Até mesmo filhos morrem.

Esta semana completou-se dois anos de um dos maiores acidentes aéreos do Brasil, o vôo TAM 3054, que matou 199 pessoas em São Paulo.

Entre as centenas de pessoas que morreram nesta tragédia estava uma família paraibana.

Havia também um pai que perdeu seu único filho. Não sei seu nome, mas lembro-me de ficar chocado com uma declaração sua diante dos insistentes e inconvenientes microfones e câmeras.

Disse ele: “Pra mim, este país morreu”! Continue lendo

Igreja: lugar de encontro e restauração ~ por José Roberto Prado

Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar…”. (Marcos 3.13-15)

Uma montanha de tijolos não é uma casa.

Várias partes de frango juntas na bandeja do supermercado não fazem uma galinha!

Assim também, várias pessoas reunidas num auditório, por maior e mais bonito que seja, não fazem uma igreja!

Para que um auditório se transforme em igreja existe um caminho a ser percorrido na trilha dos relacionamentos que vai da superficialidade, – caracterizado pelo “Oi, já te vi por aqui, mas não sei bem quem você é” – para a intimidade – “conheço você e você me conhece”, e da intimidade para a mutualidade – “conheço suas lutas e estou aqui com você pra o que der e vier”.

O alvo de Jesus para sua igreja é que seja uma comunidade caracterizada pelo amor mútuo [mutualidade = “uns aos outros” (Jo 15.12)], unidade (Jo 17.21) e missão (Jo 20.21).

Jesus não focou seu ministério nas multidões, nos eventos, nas grandes concentrações.

Pelo contrário, dedicou a maior parte de seu tempo a um pequeno grupo de discípulos, compartilhando seu coração, sua visão, seu amor, enfim, levando-os à maturidade a fim de que, após sua morte e ressurreição, as multidões tivessem líderes íntegros e compassivos que pudessem seguir. Continue lendo

Isabella. Era uma vez uma ovelhinha…~ por José Roberto Prado

Já faz alguns anos que uma menina chamada Isabella, de 5 anos, foi morta ao ser estrangulada e jogada pela janela do apartamento no sexto andar de um prédio em São Paulo.

Todos nós acompanhamos diariamente pela mídia cada detalhe do caso. Mesmo passado tanto tempo, parece que ainda há lugar para conjecturas. Não pretendo aqui apontar os culpados. Quero, contudo, propor uma reflexão a partir desta tragédia.

Alguns temas levantam-se imediatamente: a insegurança urbana; a sede de justiça dos seres humanos; a perplexidade diante da tragédia e, ao confirmar-se a pior hipótese, a violência doméstica – talvez a mais cruel das violências – pois que praticada covardemente dentro de quatro paredes, onde a ferida física e emocional tem como agente o mais próximo, em quem mais se confia e que deveria proteger.

A reboque deste tema surge o personagem do “pai-marido violento”, repreendido severamente pelo Senhor em Malaquias 2.16: “Eu odeio o homem que se cobre de violência…”. Continue lendo

Geração Adolescente ~ por José Roberto Prado

Deus tem sido gracioso para com a nossa geração!

Colhemos abundantemente onde outros semearam com lágrimas.

Temos mais recursos, mais qualidade de vida, mais comunicabilidade do que todas as gerações que nos antecederam.

Mesmo assim, o mundo lá fora padece de depressão, de tristeza profunda.

Presenciamos o surgimento de um tipo diferente de ‘crente’, cristão, evangélico…

Gente que vive de evento em evento, de show em show, que consome os produtos da indústria gospel e alimenta o ego das celebridades.

Como adolescentes inseguros e rebeldes, multiplicam-se entre nós pessoas que são somente consumidores religiosos. Prontos para as festas, mas tardios para a vida cristã e seus desafios.

Continue lendo

Começar de Novo: Um convite à Reflexão sobre a Missão Transcultural Brasileira ~ por José Roberto Prado

Já reparou quantas vezes Deus teve que recomeçar? Logo no jardim, depois com Noé, Abraão, Moisés… A cada nova geração Deus reafirma seu propósito de seguir adiante. Faz isto assegurando novas oportunidades a antigos parceiros, ou conferindo a novos parceiros a oportunidade de compartilharem de seus sonhos. Deus é otimista. Sonhador. Persistente.

A encarnação de Jesus e todo projeto de igreja é um recomeço. O perdão Nele nos garante que recomeçar é possível. Ele estabeleceu o padrão e nos encoraja a fazer o mesmo, seja nos relacionamentos, seja conosco mesmos, seja com a missão que compartilhamos. Ser filho de Deus, parecido com Cristo, é estar aberto a recomeçar.
Continue lendo