E agora, José? ~ por José Roberto Prado

Carlos Drummond de Andrade cunhou esta expressão em seu poema “José”, em 1942.

Como mestre, o poeta retrata o vazio e a “não direção” latente na alma do povo Brasileiro, imerso nas angústias e incertezas dos sombrios anos da Segunda Grande Guerra Mundial.

Por eu mesmo ser “José” e filho de José, desde que me conheço por gente esta pergunta me acompanha.

Nas Escrituras encontramos também alguns “Josés”.

Ao contrário do José do poeta, poético e emblemático, estes são históricos, pessoas reais.

Marido de Maria e chefe da casa onde Jesus nasceu, do José carpinteiro pouco sabemos, somente uma vaga imagem rascunhada nos primeiros anos do menino. Maria é presente do nascimento à morte. Segue a Jesus e é inclusive encontrada aos pés da Cruz.

E José? Onde estava o José?

Há também um outro José mencionado nos Evangelhos (Mt.27; Mc.15; Lc.23; Jo.19), e sobre este proponho uma breve reflexão. Descrito como um respeitado membro do conselho de anciãos (Sinédrio), nosso José era rico, bom e justo, da cidade de Arimatéia, mas que por medo das autoridades, mantinha sua fé em Jesus em segredo.

A morte de Jesus, ao contrário do que se poderia esperar, fez emergir uma nova face de José, posto que assumiu publicamente ser discípulo do Mestre. Pedir para cuidar do corpo de Jesus foi o mesmo que afirmar que ele era da sua própria família. Isto me lembra que é no momento da crise mais grave que se revelam os mais corajosos líderes.

Animado pelo exemplo de José, um outro respeitado líder do Sinédrio, Nicodemos, seguidor de Jesus à distância também (Jo.3), juntou-se a ele no sepultamento de Jesus, assumindo publicamente seu discipulado. Este foi um dos atos de fé mais concretos que estes homens poderiam dar. Posicionaram-se na contra-mão do seu povo, pois até mesmo os discípulos mais chegados se esconderam na multidão.

Quando José assumiu pública e irreversivelmente seu compromisso com Jesus, deu um sinal inequívoco aos seus contemporâneos e a todas as gerações futuras, de que, não obstante o preço a ser pago, nada é mais importante na vida do que se identificar com Jesus de Nazaré, o Rei dos Reis.

À luz disto sou levado a orar pra que eu tenha a mesma força e coragem demonstradas por aquele José, da cidade de Arimatéia. Não quero estar na penumbra nem seguir Jesus à distância. Quero ser plenamente o “José” que Ele quer que eu seja. Como aquele outro José, do Egito, mencionado no Antigo Testamento, quero ser fiel administrador de tudo o que ele colocou em minhas mãos, caminhando pela fé, ainda que na contra-mão da multidão.

Espero ainda que em sua misericórdia, Deus possa usar minha vida para encorajar alguns “Nicodemos” a se engajarem no discipulado.

E se acaso você, como Drummond, me pergunte: E agora, José?

Com toda alegria lhe digo: Vou seguindo Jesus. Para onde mais poderia ir?

Uma ideia sobre “E agora, José? ~ por José Roberto Prado

  1. Flavinha

    Lindo artigo!! Saiba que ja encorajou um(a) Nicodemos.
    Ah, mas essa caricatura deveria ser sua, hehe.
    Deus abencoe, Pastor Zé.

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