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Número de pobres nos EUA chega a 46,2 milhões e bate recorde

Dados divulgados nesta terça-feira pelo escritório responsável pelo censo dos Estados Unidos revelam que o número de americanos vivendo na pobreza chegou a 46,2 milhões no ano passado, o número mais alto desde que os dados começaram a ser coletados, em 1959.

[Alessandra Corrêa, BBC Brasil, 13 set 11] A taxa de pobreza no país aumentou de 14,3% em 2009 para 15,1% no ano passado, a mais alta desde 1993.

Segundo o censo, quase um em cada seis americanos vive na pobreza – definida como renda anual individual de até US$ 11,13 mil (aproximadamente R$ 18,8 mil) ou renda de até US$ 22,31 mil (cerca de R$ 37,68 mil) para uma família de quatro pessoas.

Os dados refletem a lenta recuperação da economia americana após a crise mundial, em um momento em que aumentam os temores de que o país mergulhe em uma nova recessão. Continue lendo

Seca, pobreza e ausência do Estado agravam a fome na Somália

ONU declara estado de fome em duas regiões do sul da Somália gravemente afetadas por aquela que pode ser a pior seca das últimas décadas no Chifre da África.

[DW, 20 jul 11] Nesta quarta-feira (20/07), as Nações Unidas declararam estado de fome em duas regiões do sul da Somália controladas pelos rebeldes islamitas shebab e atingidas pela grave seca, advertindo para a possibilidade de a situação se alastrar para todo o sul do país. As regiões são o sul de Bakool e Lower Shabelle.

A ONU estima que cerca de metade da população somali – que soma cerca de 3,7 milhões de pessoas, das quais 2,8 milhões vivem no sul – estão em situação de crise. Mais de 10 milhões de pessoas são atingidas na região do Chifre da África pela seca que, segundo as Nações Unidas, poderá ser a pior das últimas décadas. Continue lendo

Estudo questiona subestimação da pobreza como fator de risco à vida

[Nicholas Bakalar, Folha SP, 11 jul 11] A pobreza é frequentemente citada como fator contribuinte para as más condições de saúde. Agora, em uma abordagem nada comum, pesquisadores calcularam quantas pessoas a pobreza mata e apresentaram suas descobertas, juntamente com um argumento de que fatores sociais podem causar morte da mesma forma que comportamentos como o tabagismo.

Em um artigo publicado online para a edição de 16 de junho do “American Journal of Public Health”, cientistas calcularam o número de mortes atribuídas a cada um dos seis fatores sociais, incluindo baixa renda.

Para estimar o número de mortes causadas por cada fator, os cientistas analisaram 47 estudos anteriores sobre o assunto, combinando os dados em uma meta-análise. Os estudos eram geralmente baseados em pesquisas nacionais extensas, como o Estudo Nacional sobre Exame de Saúde e Nutrição, um estudo contínuo realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Continue lendo

Países europeus redescobrem a pobreza

Em apenas três anos, a taxa de desemprego é recorde, renda da população desaba e número de pobres aumenta no Velho Continente

[Jamil Chade, O Estado de SP, 9 jul 11] No momento em que o Lehman Brothers faliu, em setembro de 2008, governos europeus se apressaram em declarar que não havia chance de que o Velho Continente fosse afetado. Três anos depois, não só a crise ainda não foi superada como a Europa redescobre seus pobres. Em apenas três anos, dados oficiais mostram que o desemprego é recorde, a renda principalmente da população na periferia do continente desabou e o número de pobres aumenta.

Segundo pesquisadores, essa é a primeira vez desde o pós-guerra que a Europa registra um aumento real no número de pobres, pelo menos na parte Ocidental do bloco. A classificação de pobre usado na Europa não é a mesma da ONU, que colocou a taxa de miséria em uma renda de US$ 1,25 por dia. Na Europa, a taxa varia dependendo do país e é estabelecida com base num salário que mantenha uma família de forma adequada.

Nas últimas semanas, estudos publicados pela União Europeia (UE), pelos governos nacionais e entidades de pesquisa revelam o que já vem sendo chamado de “nova pobreza”. Centenas de empresas fecharam as portas. Mas foram os cortes drásticos nos investimentos dos governos que aprofundou ainda mais a recessão social. Continue lendo

Exposições mostram a imagem da pobreza ao longo da História

Obra de Pieter Brueghel em exposição: a pobreza do século 17

[DW, 5 jul 11] A pobreza faz parte de todas as sociedades, mas a maneira como os pobres são tratados mudou ao longo dos tempos. Esse é o ponto central de duas exposições em Trier, na Alemanha.

A questão da pobreza é tão polêmica hoje quanto há milhares de anos, mas o que mudou foi o ponto de vista sobre o assunto. Numa grande exposição, o Museu da Cidade de Trier (Stadtmuseum Simeonstift Trier) e o Museu Estadual Renano de Trier (Rheinische Landesmuseum Trier) mostram como o tratamento dado à pobreza se modificou ao longo dos últimos 3.000 anos na Europa.

Pobres como caricaturas

O Rheinische Landesmuseum se dedica ao tema da pobreza na Antiguidade. Achados arqueológicos da Grécia e do Egito e do Império Romano documentam que, na época, a pobreza era considerada algo abominável e culpa própria, e era também motivo de escárnio.

Segundo o guia da exposição, Frank Unruh, os “pobres eram representados como anões engraçados, que brincavam com macacos do mesmo tamanho que eles; ou eram mostrados como pessoas com deficiências físicas que não correspondiam ao ideal saudável e, portanto, acabavam nas ruas”.

Cidadãos ricos encomendavam tais figuras em bronze para tê-las como objetos de decoração em seu entorno. “A esse respeito, é difícil imaginar uma sociedade ainda mais repugnante”, resumiu o arqueólogo. Continue lendo

‘Miseráveis entre miseráveis’, mais de 10 milhões vivem com R$ 39

[Luciana N Leal, Estadão 18 jun 11] Dados do Censo de 2010 que balizaram ações do Brasil sem Miséria, principal programa social da gestão Dilma, detalham onde vivem 8,5% dos brasileiros com renda familiar de até R$ 70

Uma população estimada em 10,5 milhões de brasileiros – equivalente ao Estado do Paraná – vive em domicílios com renda familiar de até R$ 39 mensais por pessoa. São os mais miseráveis entre 16,267 milhões de miseráveis – quase a população do Chile – contabilizados pelo governo federal na elaboração do programa Brasil sem Miséria.

Lançado no dia 3 de maio como principal vitrine política do governo Dilma Rousseff, o programa visa à erradicação da miséria ao longo de quatro anos.

Dados do Censo 2010 rec̩m-divulgados pelo IBGE que municiaram a formata̤̣o do programa federal oferecem uma radiografia detalhada da popula̤̣o que vive abaixo da linha de pobreza extrema, ou seja, com renda familiar de at̩ R$ 70 mensais por pessoa Рque representam 8,5% dos 190 milh̵es de brasileiros. Continue lendo

América Latina continua sendo a região com mais desigualdades do mundo

[Karol Assunção, Adital, 13 mai 11] “Ao terminar 2010, América Latina seguia sendo a região com mais desigualdades do mundo”. Isso é o que afirma Anistia Internacional em seu “Informe Anual 2011 – o estado dos direitos humanos no mundo”. Além da desigualdade, o relatório ainda destaca outras violações ocorridas no continente americano ao longo do ano de 2010, como perseguição a defensores/as dos direitos humanos e violência contra mulheres e meninas.

A organização internacional reconhece alguns avanços em relação aos direitos humanos nas Américas. De acordo com ela, “mesmo que parciais e lentos”, a região conseguiu alguns progressos nessas questões. Destaque para o papel das comunidades e organizações sociais que estão cada vez mais denunciando tais violações e atuando em defesa das vítimas.

O relatório cita a realidade do Haiti como exemplo. No final de 2010, mais de um milhão de pessoas que tiveram suas casas destruídas pelo terremoto – ocorrido em janeiro no mesmo ano – continuavam vivendo em acampamentos provisórios. Situação que deixou mulheres e meninas ainda mais vulneráveis a abusos sexuais. Mesmo com a dor de ter perdido familiares e pertences no terremoto e ainda de ter sido vítima de violação sexual, as mulheres se uniram e formaram “A Comissão de Mulheres Vítimas pelas Vítimas” (Kofaviv), que oferece apoio médico, psicológico e econômico às sobreviventes de violência sexual nos acampamentos haitianos.

Entretanto, mesmo com a ação de organizações sociais, o documento aponta que é preciso a posição dos Estados em defesa dos direitos humanos. Participação que, segundo revela o informe de Anistia Internacional, nem sempre acontece. Continue lendo

Fim da pobreza no Brasil é inatingível, diz economista

[Estadão, 28 mar 11] Para o economista Marcelo Neri, especialista em políticas públicas de combate à pobreza, a meta de erradicação da miséria é inatingível, mas buscá-la é algo positivo. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff teria sido mais realista se apresentasse como objetivo a redução da miséria pela metade até o fim de seu governo.

A declaração da presidente Dilma de que a erradicação da miséria talvez não se concretiza até 2014 é um sinal de que a meta é ambiciosa demais?
A meta é ambiciosa, sim. Teoricamente, basta existir ainda uma pessoa miserável para perder essa guerra. Seria mais realista se comprometer a reduzir a miséria à metade. Mas também é difícil ser contra a meta da erradicação. Não é possível erradicar a pobreza, mas é viável reduzir muito o peso desse problema. O fim da pobreza é uma espécie de Santo Graal: é inatingível, mas a busca por ele enobrece o espírito da sociedade brasileira. Continue lendo

Biocombustíveis, especulação e catástrofes elevam preço de alimentos

Escassez de alimento preocupa populações de países em desenvolvimento em 2011

[DW, 13 mar 11]  A diretriz da União Europeia que obriga os países-membros a usar 10% de energias renováveis no setor de transportes até 2020 gerou polêmica não somente entre governo e oposição na Alemanha, mas também entre os próprios motoristas. Eles têm dúvidas se seus carros aceitam a nova mistura de combustível fóssil com ingredientes de base vegetal.

Para as organizações de combate à fome, esse não é nem de longe o maior problema: um maior emprego de combustíveis de base vegetal também pode ter efeito nos preços dos alimentos.

Em setembro de 2010, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) anunciara que o número de pessoas passando fome no mundo caíra para menos de 1 bilhão em setembro de 2010. Ao mesmo tempo, o diretor-geral da FAO, Jaques Diouf, alertava para o aumento dos preços dos alimentos. Ele identificava a variação de preços nas bolsas de valores como um sinal preocupante.

Os biocombustíveis são apontados como causa da elevação do preço dos alimentos no mercado internacional. Mas não são a única.

Catástrofes naturais

Em 2010 havia sinais claros de que uma crise na produção de alimentos se aproximava. As secas na Rússia provocaram a devastação de imensas áreas pelas queimadas. O primeiro-ministro Vladimir Putin chegou a proibir as exportações de grãos. A medida causou impacto em vários países porque a Rússia é um dos principais exportadores de trigo.

No Paquistão, as cheias arruinaram imensas plantações em áreas tidas como “celeiros” do país. Poucos dias depois, os alimentos dispararam, ficando cerca de três a quatro vezes mais caros. Continue lendo

Violência, pobreza e desigualdade

[Texto de Xavier Caño Tamayo, publicado originalmente no CCS – Centro de Colaborações Solidárias, traduzido por Adital, 17 dez 2010]

O último Latinobarômetro indica que cresce o apoio à democracia na América Latina (61% dos entrevistados). Porém, também mostra que 27% de mortes violentas no mundo acontecem na América Latina, apesar de que sua população não atinge 9% do total do planeta. Nos últimos 10 anos, 1.200.000 pessoas foram mortas violentamente na região.

Favelas ocupadas pela polícia militar, gangues assassinas na América Central; matanças no México; 25.000 desaparecidos forçosos, assassinatos e massacres na Colômbia… Somente a Costa Rica, Cuba, o Peru, a Argentina, o Chile e o Uruguai apresentam índices abaixo do que se considera violência epidêmica: 8 homicídios por ano por cada 100.000 habitantes. A maior taxa de assassinatos do mundo se dá na América Latina.

Como explicar tão terrível realidade? Os latinoamericanos são violentos por natureza? Alguma maldição foi lançada sobre a América Latina? Continue lendo

Derechos Humanos = Menos Pobreza

La crisis económica global está empujando a millones de personas a la pobreza y exponiéndolas de manera creciente a sufrir violaciones de derechos humanos como la inseguridad alimentaria y el desalojo forzoso. Para poder frenar esta trágica agudización del sufrimiento humano, el mundo necesita con urgencia una respuesta diferente y un nuevo estilo de liderazgo.

El mundo padece una crisis de derechos humanos. Miles de millones de personas sufren la ausencia de seguridad, justicia y dignidad en todas las regiones del planeta. Sólo se podrá encontrar una solución mediante una respuesta coordinada y concertada que se cimiente en los derechos humanos y el Estado de derecho. Esto exigirá un liderazgo enérgico.

La Campaña Exige Dignidad de Amnistía Internacional aspira a conseguir que se ponga fin a la pobreza global trabajando para reforzar el reconocimiento y la protección de los derechos humanos de las personas que viven en la pobreza. La campaña exigirá liderazgo, rendición de cuentas y transparencia, factores esenciales para acabar con las violaciones de derechos humanos que mantienen a la gente sumida en la pobreza. Continue lendo

Religião e Pobreza. Relação de causa e efeito?

“Quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um país, diz pesquisa”

Esta foi a chamada do texto de Hélio SCHWARTSMAN, articulista da Folha SP, publicado 27 set 2010.

Veja o texto. Concorda com a tese? deixe sua opinião.

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Quanto mais religiosos são os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser. Essa é a conclusão de uma pesquisa Gallup feita em 114 nações e divulgada no último dia 31 que mostra uma correlação forte entre o grau de religiosidade da população e a renda “per capita”.

Correlação, vale lembrar, é um conceito traiçoeiro. Quando duas variáveis estão correlacionadas, tanto é possível que qualquer uma delas seja a causa da outra como também que ambas sejam efeitos de outros fatores.

Desde o século 19, a sociologia tem preferido apostar na tese de que a pobreza facilita a expansão da religião. “Em geral, as religiões ajudam seus adeptos a lidar com a pobreza, explicam e justificam sua posição social, oferecem esperança, satisfação emocional e soluções mágicas para enfrentar problemas imediatos do cotidiano”, diz Ricardo Mariano, da PUC-RS.

“As religiões de salvação prometem ainda compensações para os sofrimentos e insuficiências desta vida no outro mundo”, acrescenta. Continue lendo