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Exposições mostram a imagem da pobreza ao longo da História

Obra de Pieter Brueghel em exposição: a pobreza do século 17

[DW, 5 jul 11] A pobreza faz parte de todas as sociedades, mas a maneira como os pobres são tratados mudou ao longo dos tempos. Esse é o ponto central de duas exposições em Trier, na Alemanha.

A questão da pobreza é tão polêmica hoje quanto há milhares de anos, mas o que mudou foi o ponto de vista sobre o assunto. Numa grande exposição, o Museu da Cidade de Trier (Stadtmuseum Simeonstift Trier) e o Museu Estadual Renano de Trier (Rheinische Landesmuseum Trier) mostram como o tratamento dado à pobreza se modificou ao longo dos últimos 3.000 anos na Europa.

Pobres como caricaturas

O Rheinische Landesmuseum se dedica ao tema da pobreza na Antiguidade. Achados arqueológicos da Grécia e do Egito e do Império Romano documentam que, na época, a pobreza era considerada algo abominável e culpa própria, e era também motivo de escárnio.

Segundo o guia da exposição, Frank Unruh, os “pobres eram representados como anões engraçados, que brincavam com macacos do mesmo tamanho que eles; ou eram mostrados como pessoas com deficiências físicas que não correspondiam ao ideal saudável e, portanto, acabavam nas ruas”.

Cidadãos ricos encomendavam tais figuras em bronze para tê-las como objetos de decoração em seu entorno. “A esse respeito, é difícil imaginar uma sociedade ainda mais repugnante”, resumiu o arqueólogo. Continue lendo

Sensibilidade, arte e cultura na contemporaneidade

[Valério Cruz Brittos e Jonathan Reis, Observatório de Imprensa, 30 nov 2010]

Atualmente, grande parcela da sociedade não tem condições plenas para analisar obras de arte profundamente, reconhecendo seus referentes e possibilidades de interpretação. Prevalecem olhares sem a sensibilidade e o senso crítico necessários para avaliar um trabalho artístico em seu todo. Isto é comprovado ante a popularização de músicas com diversos tipos de apelo fácil, impulsionadas midiaticamente, embora cada sujeito tenha o direito de absorver artisticamente o que desejar (ou puder). Contudo, muito se perde neste processo.

Já ensinou o sociólogo francês Pierre Bourdieu, no livro A distinção: crítica social do julgamento (São Paulo: Edusp, 2007), que a competência artística significa apreciar obras de arte legítimas de maneira legítima. É produto de educação e origem social, numa sociedade de classes. A classe social tem relação com o consumo cultural, pois o gosto, construído a partir de um processo educativo, serve como forma de distinção. O indivíduo que não viveu tal experiência e deleite no plano familiar pode buscar o saber erudito com o estudo da arte, necessária nesta relação cultural. Nesta dinâmica, a mídia poderia contribuir, difundindo conhecimentos e experiência profundas, o que não acontece. Continue lendo