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Estudo vincula recessão britânica a mil suicídios

A recessão, o desemprego e as medidas governamentais de austeridade já levaram mais de mil pessoas a cometerem suicídio na Inglaterra, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira.

[Kate Kelland, Reuters, 15 ago 12] Essa análise comparou o número real de suicídios com a cifra que era esperada caso as tendências pré-recessão se mantivessem. O resultado reflete conclusões de outros lugares da Europa onde os suicídios também estão crescendo. Continue lendo

Depressão, alcoolismo e problemas sexuais aumentam na Espanha com a crise econômica

A atual conjuntura econômica da Espanha – que amarga uma taxa de desemprego de 24,6% – está afetando a saúde mental dos espanhóis, segundo pesquisas no campo da depressão, do alcoolismo e de problemas sexuais.

[Liana Aguiar, BBC Brasil, 14 ago 2012] Após mais de quatro anos de crise, os problemas se acumulam e vêm sendo detectados por diferentes estudos. Uma pesquisa da Fundação Pfizer, por exemplo, revelou que, em 2010, 44% da população espanhola sofria mais com estresse e tensão do que nos dois anos anteriores. As incertezas em relação ao trabalho e aos rumos da economia representavam a principal fonte de problemas. Continue lendo

Corrupção contribuiu para crise em zona do euro, diz Transparência Internacional

Segundo ONG, Grécia, Espanha, Itália e Portugal lideram lista de países com ‘sérias deficiências’.

[Marcia Bizzotto, BBC Brasil, 6 jun 12] A corrupção e a ineficácia dos sistemas públicos na Grécia, na Espanha, na Itália e em Portugal contribuíram para a crise fiscal que enfrentam atualmente esses países, afirma um relatório da organização Transparência Internacional (TI), publicado nesta quarta-feira em Bruxelas. Continue lendo

Marx estava certo… sobre o capitalismo ~ John Gray

Como efeito colateral da crise financeira, mais e mais pessoas estão começando a pensar que Karl Marx estava certo. O grande filósofo, economista e revolucionário alemão do século 19 acreditava que o capitalismo era radicalmente instável.

[John Gray/ Filósofo político e escritor/ BBC Brasil, 18 set 2011] Ele tem uma tendência intrínseca de produzir avanços e fracassos cada vez maiores, e no longo prazo, ele estava destinado a se autodestruir.

Marx saudava a autodestruição do capitalismo. Ele era confiante que uma revolução popular ocorreria e daria origem um sistema comunista que seria mais produtivo e muito mais humano. Continue lendo

Uma revolução agroindustrial no horizonte?

De todos os efeitos que a rápida ascensão da China tiveram sobre a economia mundial na última década, a alta dos preços dos alimentos e de outras matérias-primas é, certamente, um dos que mais despertam a atenção dos economistas. Em poucos anos, muitas commodities ficaram duas ou três vezes mais caras do que no início dos anos 2000. E, apesar dos revéses sofridos após o estouro da crise financeira americana, em 2008, e do agravamento dos problemas europeus, nos últimos meses, os preços se mantêm bem acima das médias históricas.

[Gerson Freitas Jr, Valor, 21 dez 11] Poucos estudiosos acreditam se tratar de um movimento de curto prazo. Pelo contrário, para a maioria, a escalada dos últimos anos parece sepultar de vez a era das matérias-primas baratas, uma das bases que sustentaram o crescimento econômico durante o século 20. Agora, economistas de várias tendências se veem obrigados a repensar as questões relacionadas aos recursos naturais e ao desenvolvimento econômico dos países produtores de commodities. E, como nunca, dispostos a questionar dogmas como a disseminada “maldição dos recursos naturais”. Afinal, é possível para países como o Brasil se desenvolver a partir de setores como a agricultura? Continue lendo

Estudantes inglesas recorrem à prostituição para pagar universidade

[Kieran Turner e Owen Phillips, BBC Brasil, 14 dez 11] O número de estudantes da Inglaterra que recorrem à prostituição para financiar os seus estudos está aumentando, segundo dados divulgados pela União Nacional de Estudantes britânica (NUS, na sigla em inglês).

De acordo com a organização estudantil, cortes promovidos pelo governo na ajuda de custo oferecida para estudantes do ensino universitário e o aumento dos preços de anuidades e do custo de vida no país vem contribuindo para a atual situação.

A NUS afirmou ainda que também está em ascensão o número de estudantes que está investindo em jogatina e experimentos médicos para ajudar a pagar os estudos.

Mas o governo diz que ainda oferece aos alunos um ”generoso pacote” de auxílio financeiro. Continue lendo

Voluntários se mobilizam para combater onda de suicídios na Grécia

Dias atrás, cedo pela manhã, George Barcouris sentou-se em frente ao computador em seu apartamento em Atenas, na Grécia, e digitou a palavra “suicídio” no site de buscas Google.

[Chloe Hadjimatheou, BBC Brasil, 18 out 11] Aos 60 anos de idade, sem trabalho, ele estava certo de que jamais conseguiria um novo emprego em um país onde o índice de desemprego chegou a 17% e continua crescendo.

Sem a ajuda de parentes ou amigos, seria apenas uma questão de tempo até que o proprietário do apartamento o despejasse por causa do atraso no aluguel – imaginava Barcouris.

“Era pior durante a noite”, disse.

“Comecei a pensar, que futuro eu tenho? Seria melhor morrer durante o sono. Mas nunca aconteceu, então comecei a pensar em me matar”.

Foi depois de uma noite como essa que ele decidiu procurar na internet por uma maneira fácil de dar fim à sua vida. Continue lendo

‘Não sinto vergonha’, diz espanhol de 32 anos que mora com os pais

Por ter 32 anos e ainda morar com os pais, o espanhol Lorenzo Martínez já foi chamado de “filhinho de papai”, de “Peter Pan” e costuma ouvir que é um bebê que não larga a saia da mãe. Mas ele rejeita esse tipo de apelido e acusações.

[BBC Brasil, 29 set 11] “Não acho que é algo do qual devo me envergonhar. O mercado de trabalho na Espanha está falido. Se não tenho outra forma de me manter, qual é o problema de meus pais me acolherem?”, comentou Martinez à BBC Brasil.

Ex- estudante de Administração de Empresas e Economia, ele atualmente está cursando Direito. “Mas não gosto; entrei porque tinha de estudar alguma coisa.”

Martínez diz que ainda não achou uma forma de se emancipar da família, mas que está em busca de um trabalho que lhe interesse.

“Quero uma coisa que me complete, mas não encontro. É um problema com o qual muita gente sofre. Não tem nada a ver com ser vagabundo e não querer nada com a vida”, diz o espanhol, que mora com os pais Maria Luisa e Antonio, de 68 e 72 anos, e tem uma irmã casada. Continue lendo

Número de pobres nos EUA chega a 46,2 milhões e bate recorde

Dados divulgados nesta terça-feira pelo escritório responsável pelo censo dos Estados Unidos revelam que o número de americanos vivendo na pobreza chegou a 46,2 milhões no ano passado, o número mais alto desde que os dados começaram a ser coletados, em 1959.

[Alessandra Corrêa, BBC Brasil, 13 set 11] A taxa de pobreza no país aumentou de 14,3% em 2009 para 15,1% no ano passado, a mais alta desde 1993.

Segundo o censo, quase um em cada seis americanos vive na pobreza – definida como renda anual individual de até US$ 11,13 mil (aproximadamente R$ 18,8 mil) ou renda de até US$ 22,31 mil (cerca de R$ 37,68 mil) para uma família de quatro pessoas.

Os dados refletem a lenta recuperação da economia americana após a crise mundial, em um momento em que aumentam os temores de que o país mergulhe em uma nova recessão. Continue lendo

Catástofre Nuclear, Convulsões Árabes e Debacle Financeiro: O poder desnudado por suas próprias crises

A crise econômica iniciada em 2008, o acidente nuclear de Fukushima e as revoltas populares no mundo árabe convergem para um questionamento do capitalismo mundial. Apesar das diferenças que guardam entre si, os três grandes acontecimentos que agitam o mundo revelam de maneira gritante os limites de uma mesma lógica.

[Denis Duclos, Le Monde Diplomatique Brasil, 2 ago 11] Três grandes crises agitam o mundo e não se deixarão reduzir a assuntos que espiamos rapidamente antes de passar para o próximo: o grande pânico financeiro iniciado no final de 2008; o acidente nuclear em Fukushima, ocorrido em 11 de março de 2011; e a crise de regime em muitos Estados árabes, onde o povo se rebela desde o fim de 2010.

A priori, não é razoável comparar tais crises, já que elas se referem a campos muito diferentes. A primeira, que parece produzir-se em um mundo virtual, trata da evaporação de trilhões de dólares; a segunda decorre de um acidente gravíssimo relacionado a uma tecnologia que visa à produção de energia abundante; e a terceira nasce de uma revolta popular em massa contra ditaduras militarizadas. Também não seria decente justapô-las como puras catástrofes, sendo uma o efeito do “triunfo da ganância”1 e outra o resultado de um desastre natural imprevisível, com sofrimentos que assumem o sentido – desejável – de uma “primavera dos povos”. Continue lendo

Países europeus redescobrem a pobreza

Em apenas três anos, a taxa de desemprego é recorde, renda da população desaba e número de pobres aumenta no Velho Continente

[Jamil Chade, O Estado de SP, 9 jul 11] No momento em que o Lehman Brothers faliu, em setembro de 2008, governos europeus se apressaram em declarar que não havia chance de que o Velho Continente fosse afetado. Três anos depois, não só a crise ainda não foi superada como a Europa redescobre seus pobres. Em apenas três anos, dados oficiais mostram que o desemprego é recorde, a renda principalmente da população na periferia do continente desabou e o número de pobres aumenta.

Segundo pesquisadores, essa é a primeira vez desde o pós-guerra que a Europa registra um aumento real no número de pobres, pelo menos na parte Ocidental do bloco. A classificação de pobre usado na Europa não é a mesma da ONU, que colocou a taxa de miséria em uma renda de US$ 1,25 por dia. Na Europa, a taxa varia dependendo do país e é estabelecida com base num salário que mantenha uma família de forma adequada.

Nas últimas semanas, estudos publicados pela União Europeia (UE), pelos governos nacionais e entidades de pesquisa revelam o que já vem sendo chamado de “nova pobreza”. Centenas de empresas fecharam as portas. Mas foram os cortes drásticos nos investimentos dos governos que aprofundou ainda mais a recessão social. Continue lendo

Japão quer reduzir alta taxa de suicídios em meio à crise econômica

Por Maribel Izcue (EFE) Tóquio, 27 jan

O número de suicídios no Japão aumentou novamente em 2009 para mais de 32 mil casos, o que levou o Governo a empreender uma campanha para impedir aqueles que queiram se suicidar em meio à crise econômica.

Em doze anos, a segunda economia do mundo registrou uma assustadora taxa média de mais de 30 mil suicídios por ano, o que representa 2,5 mil por mês ou mais de 80 por dia.

Em 2009, o número seguiu a tendência de alta de anos anteriores: 32.753 japoneses acabaram com suas vidas, entre eles 23.406 homens e 9.347 mulheres, informou hoje a Agência Nacional de Polícia.

Para a maioria dos japoneses, o suicídio não ajuda nenhum estigma social e inclusive pode estar semeado de certo romantismo trágico. Em uma ética fortemente influenciada pelo budismo, muitos veem a morte como uma passagem para outra vida.

Em qualquer caso, o aumento dos suicídios acompanhou o enfraquecimento da economia japonesa.

A primeira vez em que o número de suicídios em apenas um mês superou os 3 mil foi em outubro de 2008, logo após a falência do gigante investidor americano Lehman Brothers, que abalou os alicerces financeiros do Japão.

A partir daí os suicídios seguiram uma tendência de alta até setembro passado, quando caíram ligeiramente, coincidindo com a primeira mudança de Governo no Japão nos últimos 54 anos, após a arrasadora vitória eleitoral do Partido Democrático (PD).

Com números que situam o Japão, de 127 milhões de habitantes, entre os países com as maiores taxas de suicídios do mundo, o Governo decidiu tomar medidas para dissuadir suicidas, indicou hoje à Agência Efe um porta-voz do Escritório do Gabinete.

A administração nacional planeja, entre outras coisas, colocar cartazes em defesa da vida em lugares “estratégicos” como caixas eletrônicos – destinados a quem atravessa dificuldades econômicas e pretende sacar suas últimas economias – ou nos escritórios de desemprego, onde também haverá psicólogos.

Estas e outras medidas serão realizadas em campanhas na imprensa sob lemas que encorajem os cidadãos a se preocuparem pelos demais.

Em Tóquio e outras regiões adjacentes, uma das formas mais comuns de suicídio é se jogar nos trilhos do metrô: segundo dados divulgados nesta semana, em 2008 mais de 35,3 mil trens tiveram que atrasar o funcionamento por tentativas de suicídio.

Isso ocorre mesmo após a colocação de barreiras entre as vias do metrô e as plataformas em várias estações. Além disso, foram instalados botões de emergência nas plataformas de estação para que, se alguém percebe um suicida se jogar na via, os pressione imediatamente para deter a passagem dos trens.

Paralelamente surgiram outras iniciativas contra o suicídio: alguns templos budistas oferecem linhas telefônicas para que as pessoas possam desabafar. Também surgiram grupos como “Reunião de redes para a vida”, que reúne instituições e empresas privadas.

Essa associação atua em Yamanashi, uma província próxima a Tóquio e local da chamada “floresta dos suicídios”, conhecida porque alguns adentram ali para não mais voltar. Só em 2008, 358 pessoas se suicidaram nesse bosque.

Por isso, há meses o grupo organiza eventos para formar voluntários capazes de dissuadir os suicidas, com conferências sobre relações pessoais e o tratamento que devem oferecer a pessoas com graves problemas psicológicos.

Esses voluntários distribuem folhetos em alojamentos, quiosques e estações nos quais detalham como identificar e tratar um suicida potencial, com alguns conselhos básicos: ouvir com tranquilidade, manter-se sereno e buscar ajuda de fora para ser dissuadido de suas intenções.