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Asia Bibi: uma cristã paquistanesa condenada à morte por blasfêmia

Cristã paquistanesa vai ser executada por blasfêmia. Mais de 30 condenados por críticas ao islão foram mortos em ataques de radicais.

[Texto de Abel C Moraes, Diário de Notícias, 19 nov 2010] Asia Bibi está perto de se tornar a primeira mulher a ser executada no Paquistão pelo crime de blasfémia contra o profeta Maomé, se não for revista, pelo tribunal de recurso de Lahore, a pena de enforcamento a que foi condenada dia 7 por um juiz da cidade de Nankana, localidade na província do Punjab.

Os cristãos representam menos de 3% dos 167 milhões de habitantes do Paquistão.

A situação da católica paquistanesa, de 45 anos, foi ontem referida pelo Papa Bento XVI ao mencionar a “difícil situação” dos cristãos naquele país, onde são “frequentes vezes vítimas de violências e discriminações”.

“Manifesto hoje, de modo particular, a minha solidariedade para com a senhora Asia Bibi e sua família. Peço que lhe seja restituída a plena liberdade, o mais rapidamente possível”, afirmou Bento XVI, que falava na Praça de São Pedro, em Roma. Continue lendo

Conflitos e perseguições levam milhões de pessoas a deixar país de origem

Brasília – Todos os anos, conflitos e perseguições obrigam milhões de refugiados a reconstruir suas vidas longe de casa. Fica ainda mais difícil quando há pela frente barreiras culturais e linguísticas. O processo de adaptação é longo.

No Brasil, há mais de 4 mil refugiados. O refúgio é concedido quando há perseguição no país de origem por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões; quando a pessoa não tem mais nacionalidade e está fora do país onde antes teve sua residência habitual; ou quando há grave violação de direitos humanos e o cidadão é obrigado a deixar seu país.

O jovem paquistanês Imran* está no Brasil há um ano. Com 27 anos, ele sofreu grande perseguição religiosa em seu país natal. Imran faz parte da minoria cristã que é oprimida por muçulmanos, que correspondem a 97% da população do Paquistão. Em agosto de 2009, o bairro dos cristãos da cidade de Gojra foi invadido e destruído por muçulmanos.

“Nesse dia, eu estava dando aula de inglês. Mais de 100 pessoas começaram a brigar, a incendiar casas de cristãos e a queimá-los vivos. A polícia chegou, mas não os parou, não impediu o que aconteceu. No dia seguinte, eles disseram: você não pode registrar nenhuma queixa contra nós. No momento, o Estado também estava apoiando os muçulmanos”. Continue lendo

Estrangeiros que trabalhavam para ONG médica (cristã) são mortos no Afeganistão

Médica britânica (36) Karen Woo

Autoridades do Afeganistão disseram neste sábado que oito estrangeiros e dois afegãos foram encontrados mortos a tiros perto de veículos abandonados na província de Badakhshan, no nordeste do país.

Acreditas-se que os estrangeiros sejam seis americanos, uma britânica e um alemão que trabalhavam para a organização International Assistance Mission (IAM), que dá assistência oftalmológica e médica em geral.

Eles foram encontrados na quinta-feira, um dia depois que o contato com o grupo foi perdido.

A médica britânica Karen Woo, de 36 anos, foi identificada como uma das vítimas.

A polícia local afirmou que eles podem ter sido assaltados.

Organização cristã

Mas o Talebã disse que está por trás do ataque, dizendo que eles eram missionários cristãos e levavam bíblias em persa.

Um porta-voz do Talebã também acusou os estrangeiros de serem espiões dos Estados Unidos.

“Isso é uma mentira. Não é verdade. A IAM é uma organização cristã, sempre fomos isso”, disse à BBC o diretor executivo da ONG, Dirk Franks.

“Nós trabalhamos no Afeganistão desde 1966 – sob o rei, os comunistas, os Mujahideen e o Talebã. Eles nos conhecem como uma agência cristã, mas nós certamente não distribuímos bíblias”, disse.

A ONG negou que seus membros e os dois tradutores afegãos mortos fossem missionários.

O homem que liderava a equipe tinha décadas de experiência trabalhando no país, segundo um porta-voz da ONG.

Badakhshan, uma região de maioria étnica tajik que faz fronteira com o Tajiquistão, é uma das poucas províncias afegãs que não era controlada pelo Talebã antes da invasão liderada pelos Estados Unidos em 2001.

O correspondente da BBC em Kabul, Quentin Sommerville, disse que a região vem sendo considerada uma área segura, mas que recentemente moradores começaram a reclamar do aumento de ameaças feitas por insurgentes.

Fonte: BBC Brasil, 7 ago 2010

Luteranos se desculpam por perseguir menonitas séculos atrás

A Assembleia Geral da Federação Luterana Mundial teve como um ponto alto o pedido de perdão dos luteranos ao menonitas. Favoráveis a reformas radicais do cristianismo, eles foram perseguidos por católicos e protestantes.

Até esta terça-feira (27/07), 400 delegados de 140 igrejas-membros do mundo inteiro participam em Stuttgart, na Alemanha, da 11ª Assembleia Geral da Federação Luterana Mundial. Ao todo, mais de mil participantes discutiram, durante uma semana, questões como injustiças e soluções para problemas humanitários globais. O evento teve como ponto alto o pedido de perdão dos luteranos aos menonitas, pela perseguição religiosa ocorrida 500 anos atrás.

“Temos essa lembrança de sermos uma minoria perseguida”, disse Larry Miller, secretário-geral do Congresso Mundial Menonita por ocasião de uma cerimônia de reconciliação realizada pela Federação Luterana Mundial sobre a perseguição cruel do movimento anabatista.

Os menonitas pertencem ao principal ramo do movimento anabatista. A repressão sangrenta sofrida por seus membros no século 16 faz parte dos capítulos mais sombrios da história europeia.

Um principal ponto de discórdia era o batismo de crianças. Os menonitas acreditam que seus membros devem ser batizados adultos, voluntariamente, e rejeitam o batismo de crianças. Isso fez com que fossem tachados como hereges pelo reformador Martinho Lutero (1483-1546), para quem essa era uma forma de negar às crianças a inclusão na comunidade cristã.

Lutero deixou clara sua rejeição pelos anabatistas na Confissão de Augsburg, publicado em 1530 naquela cidade alemã. Até hoje, os pastores luteranos são ordenados com base em partes dessa confissão.

Conflito mortal no movimento europeu de reforma

Os seguidores dos anabatistas, que pediam uma reforma social mais radical do cristianismo do que a pleiteada por Lutero e pelo suíço Ulrich Zwingli (1484-1531), tiveram que fugir dos governantes católicos e protestantes para se salvar, o que não impediu que milhares fossem executados.

Hoje, a religião menonita conta no mundo todo com mais de 1 milhão de membros, muitos deles nos EUA e no Canadá, cerca de 60 mil na Europa. Devido ao fato de já terem cedo levantado a voz contra qualquer forma de guerra e darem importância à “absoluta abdicação da violência”, eles são considerados uma das “Igrejas históricas da paz”. As comunidades menonitas são opostas às hierarquias eclesiásticas: a paróquia local é totalmente autônoma.

Reconciliação exige nova identidade

Na cerimônia de reconciliação que marcou a 11ª Assembleia Geral da Federação Luterana Mundial, em Stuttgart, os luteranos pediram, “a Deus e às nossas irmãs e aos irmãos menonitas o perdão pelo sofrimento que nossos antepassados lhe infligiram no século 16”. O pedido de perdão foi elaborado entre 2005 e 2008 por uma comissão de estudos luterano-menonita.

Para o secretário-geral da Conferência Mundial Menonita, o Larry Miller, a medida é uma “concessão importante e um ato de libertação”, pois os menonitas, segundo ele, muitas vezes “se sentem ainda como vítimas”. “Agora temos de repensar nossa identidade”, ressalta. Na verdade, as histórias dos mártires das comunidades menonitas ainda estão bastante presentes. O sofrimento dos antepassados é passado de geração em geração.

“É simplesmente uma ferida profunda no seio do cristianismo, quando igrejas que estão na realidade tão perto, por virem da mesma raiz e terem uma história comum, estão tão divididas dentro do movimento de reforma”, disse o pastor menonita Reiner Burghard durante a cerimônia de reconciliação. Ele espera que essa ferida seja curada.

No futuro, luteranos e menonitas querem lutar para que liberdade de religião e de consciência sejam respeitadas e protegidas na política e na sociedade.

Bispo palestino é novo presidente da federação

Outro ponto marcante dessa assembleia foi a eleição do bispo palestino Munib A. Younan como presidente da Federação Luterana Mundial. O prelado de 59 anos, conhecido por seu engajamento pela paz no Oriente Médio e incentivador do diálogo entre as religiões, sucede o norte-americano Mark Hanson, de 63 anos, que desde 2003 liderava a entidade formada por 70 milhões de cristãos.

Autora: Ulrike Mast-Kirschning (md)
Revisão: Augusto Valente

Fonte: DW, 27 jul 2010

Compromisso Radical ~ por José Roberto Prado

Muitas vezes, estando à vontade em nossas casas ou igrejas aqui no Brasil, onde há tanta liberdade para expressarmos a fé em Cristo, nossa tendência natural é a de nos esquecermos dos nossos irmãos que estão longe, onde a vivência desta mesma fé assume contornos mais rudes, por vezes cruéis.

Passando por dificuldades que sequer imaginamos e chorando enquanto semeiam, eles plantam para que outros possam mais tarde colher!

Algum tempo atrás, por causa da sua fé em Jesus Cristo, mais um jovem pastor africano foi martirizado no Congo, África.

Sabendo da aproximação de seus algozes, escreveu uma carta, encontrada no meio de seus pertences pouco depois da sua morte. Continue lendo