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O futuro do Cristianismo ~ J B Libanio

[Adital, 4 abr 11] O Cristianismo retorna, de certo modo, a seus inícios históricos. Embora Jesus tenha sido camponês com toques de artesão de região rural, o Cristianismo, que surgiu depois de sua morte, assumiu caráter urbano. Difundiu-se principalmente nas cidades helenizadas. Depois da queda do Império romano e da conversão dos bárbaros, ruralizou-se e se configurou em esquemas institucionais típicos do mundo do campo. Nas últimas décadas, acelerou-se o processo de secularização e urbanização. O Cristianismo do futuro sobreviverá se responder às exigências e demandas da sociedade urbana e secular, perdendo a função hegemônica de configurar a sociedade a partir do próprio universo religioso. Termos que se imporão como desafio: declínio da força social da religião, secularização do horizonte religioso, horizontalização dos valores transcendentes, autonomia das realidades terrestres, privatização religiosa em face do Estado, dessacralização. Nada impedirá surtos opostos conservadores, mas sem perspectiva de marcar o porvir.

O Cristianismo do futuro sofrerá de crescentes incertezas. Perderá a homogeneidade dos dogmas e se esforçará por interpretá-los nos diversos contextos culturais, geográficos, étnicos, religiosos. Ele se entenderá histórico, contextual, plural. Assistirá ao ocaso da cultura ocidental, cartesianamente racional, capitalista neoliberal, burocrática, centrada no varão conquistador, de raça branca e de religião católica romana hegemônica para ver surgir novo paradigma com valorização da ecologia, da mulher, da diversidade racial, do diálogo intercultural e inter-religioso e da relação entre as pessoas e povos. Continue lendo

Envelhecimento e urbanização: tendências demográficas do século 21

[Fábio de Castro, Agência FAPESP, 1 abr 11] O envelhecimento e a urbanização são tendências demográficas importantes no século 21. A população urbana, que já corresponde à metade da humanidade, dobrará até 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Por outro lado, se hoje existem cerca de 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos, em 2050 a população nessa faixa etária será de quase 2 bilhões.

A consequência disso é que a sociedade precisará repensar o lugar dos idosos nas cidades e implantar uma nova cultura do envelhecimento. Essa é uma das principais conclusões dos especialistas que participaram, no dia 29 de março, em São Paulo, da mesa-redonda “Aspectos urbanos e habitacionais em uma sociedade que envelhece”.

O evento integrou a programação do ciclo “Idosos no Brasil: Estado da Arte e Desafios”, promovido pelo Institutos de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), pelo Grupo Mais-Hospital Premier e pela Oboré Projetos Especiais de Comunicação e Artes.

Coordenada por David Braga Jr., do Grupo Modelo de Atenção Integral à Saúde (Mais), a mesa-redonda – a terceira do ciclo – teve a participação de Alexandre Kalache, da Academia de Medicina de Nova York (Estados Unidos), e de Guita Grin Debert, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com Kalache, carioca que dirigiu por 13 anos o Programa Global de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados da ONU mostram que a população mundial crescerá cerca de 50% (para 9 bilhões) até 2050. No mesmo período, a população acima de 60 anos terá aumentado 350%, sendo que a maior parte desse aumento ocorrerá nos países em desenvolvimento, cada vez mais urbanizados. Continue lendo