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Vinte anos depois, ex-repúblicas soviéticas se blindam contra o comunismo

No dia 1º de agosto de 1991, o famoso monumento a Karl Marx, que se eleva sobre o centro da cidade de Moscou, apareceu com os seguintes dizeres pintados em tinta vermelha: “Proletários do mundo, perdoem-me!”

[Artem Krechetnikov, BBC Russia, 19 ago 11] Era uma irônica alusão ao chamado aos trabalhadores contido no Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848 na Alemanha por Marx e Friedrich Engels.

A ideia de comunismo concebida originalmente pelos intelectuais europeus encontrou abrigo espiritual na Rússia – que se tornou “a pátria do proletariado mundial”.

Os comunistas que viviam na “casa da revolução mundial” se orgulhavam de seu papel na história e no cenário geopolítico.

Vinte anos após o colapso do maior país comunista do mundo, o Partido Comunista permanece um dos mais influentes do país. Continue lendo

Grupos extremistas tiram vantagem ideológica de enchentes no Paquistão

Talibã e outros preenchem lacunas humanitárias deixadas por Islamabad e comunidade internacional. Em meio a milhares de mortos, subnutridos e desabrigados, paquistaneses são presa fácil para ideologia radical islâmica.

Após as devastadoras enchentes no Paquistão, o grupo fundamentalista islâmico Talibã procura se beneficiar da situação catastrófica. Apresentando-se entre os primeiros grupos de ajuda nos locais do sinistro, os radicais procuram melhorar a própria reputação e ampliar sua influência no país.

Assim, eles exigiram do governo paquistanês que renuncie aos 55 milhões de dólares de apoio financeiro dos Estados Unidos, oferecendo, em contrapartida, verbas totalizando 20 milhões de dólares. Como a impressão que reina entre a população é de que o governo em Islamabad nada faz pelos flagelados, trata-se de uma ótima oportunidade para os talibãs de dizer “mas nós, sim”.

Vulnerabilidade emocional

A funcionária de uma organização humanitária, que preferiu permanecer anônima, confirmou à Deutsche Welle que diferentes grupos ou partidos religiosos estão sempre na linha de frente, quando se trata de medidas de auxílio, embora ela não tenha certeza de que se trate de talibãs.

Dentre os diferentes grupos terroristas que mantêm organizações beneficentes, encontra-se o famigerado Lashkar-e-Taiba (Exército dos Bons). Responsável pela série de atentados de 2008, em Mumbai, ele procura se aproveitar da atual lacuna de abastecimento. Segundo o jornal New York Times, os bens de ajuda são acompanhados da mensagem: “não confiem no governo e nos seus aliados ocidentais”.

A funcionária humanitária analisa: “As pessoas pranteiam os entes queridos, estão subnutridas, perderam suas casas: tudo isso cria uma situação emotiva bem fácil de se explorar. Muitas vezes é difícil distinguir se os grupos estão se aproveitando delas para seus fins políticos, se é ajuda real, ou uma mistura de ambos.”

Ajuda e ideologia

E não precisa ser sempre o Talibã. Ela recorda que após o arrasador terremoto de 2005 no Paquistão, grupos religiosos extremistas também foram rápidos em prover auxílio humanitário e mensagens políticas, num mesmo pacote. “Eles foram muito ativos. Dá para dizer que tudo o que aconteceu nas primeiras 24, 48 horas, foi assumido por grupos locais, o governo precisou de muito tempo para chegar. Isso lhes deu um espaço grande.”

Nada positivo para o governo paquistanês é o fato de – justamente agora, durante as inundações – o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, ter feito longa visita à França e à Inglaterra. Pois também agora os radicais procuram mais uma vez ganhar os corações e mentes dos cidadãos que o Estado parece ter perdido.

O enviado especial da Organização das Nações Unidas para o Paquistão, Jean-Maurice Ripert, acentua o quanto o país já sofre normalmente pelas atividades dos militantes. “É um fato que eles se aproveitam de cada oportunidade para proclamar suas metas. Isso nada tem a ver com os esforços da comunidade internacional. Precisamos trabalhar, precisamos ajudar a população, para demonstrar: nós nos preocupamos com a gente do Paquistão.”

Guerrilheiros talibãs no Paquistão

De fato, a corrida das forças humanitárias contra a devastação parece, pelo menos em parte, ser também uma corrida contra os extremistas. Até o momento, as nações ocidentais haviam oferecido 150 milhões de dólares para as vítimas da inundação. Porém nesta quarta-feira (11/08), a ONU lançou um apelo à comunidade internacional para que sejam angariados 459 milhões de dólares em ajuda imediata.

O governo alemão já anunciou que elevará sua contribuição para cerca de 13 milhões de dólares (10 milhões de euros). A maior ação humanitária da história das Nações Unidas visa atender às vítimas paquistanesas durante os próximos três meses.

“Temos muito a fazer”, afirmou em Nova York o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários e Ajuda de Emergência, John Holmes. Segundo ele, nas regiões atingidas, 14 milhões de pessoas precisam de cuidados médicos, 6 milhões necessitam de água e alimentos, e há o perigo de que epidemias se alastrem.

Holmes calcula que, até o momento, mais de 1.600 pessoas tenham perdido a vida. Entretanto o representante permanente do Paquistão na ONU, Abdullah Hussain Haroon, observou não ser possível estimar o número real de mortos, já que quase 5 mil aldeias foram totalmente aniquiladas pelas águas. O alcance da catástrofe ultrapassa qualquer poder de imaginação, afirmou Haroon.

Autor: Kai Küstner / Augusto Valente
Revisão: Carlos Albuquerque

Fonte: DW, 11 ago 2010

Entusiasmo e desilusão marcam processos históricos ~ Judt

Em um artigo recente, o historiador Tony Judt (pronuncia-se “jud”), 62, comentou a paixão do pai por exóticos carros franceses — ou que, ao menos, eram vistos assim no Reino Unido da década de 1960.

O Citroën DS 19 branco em que a família cruzava a Londres da época podia ser incomum, mas a relação que o motorista mantinha com a máquina já se popularizava.

Não à toa, defende Judt, a geração que chegou à maturidade no pós-Guerra, à qual pertencia seu pai, amava o automóvel.

Finalmente acessíveis à classe média, mas ainda não hegemônicos na vida urbana, os carros deram corpo e mecânica a anseios de liberdade e à prosperidade econômica recém-alcançada.

Décadas depois, boa parte do encanto desapareceu em meio a congestionamentos. Judt, como muitos de sua geração em países ricos, não nutre simpatia por carros –representantes, em sua opinião, de “separação e egoísmo nas formas mais socialmente disfuncionais”.

A crítica ao “egoísmo”, registrada no relato do historiador, é hoje algo tão raro quanto Citroëns DS 19 em Londres há cinco décadas.

Formado em instituições-símbolo da academia europeia –a Universidade de Cambridge e a Escola Normal Superior, em Paris–, Judt é provavelmente o principal intelectual social-democrata em atividade.

Vítima desde 2008 de uma doença neuromuscular que paralisa seu corpo, ele continua a publicar artigos e livros em que ataca o pensamento conservador e a crescente desigualdade econômica na Europa e nos EUA.

Ao mesmo tempo, defende as conquistas do Estado de Bem-Estar Social.

Muitos desses artigos, escritos antes do diagnóstico, estão em “Reflexões Sobre um Século Esquecido”, lançada esta semana no Brasil.

Ali se pode constatar que, assim como o carro do pai, Judt não se encaixa bem na paisagem _no caso dele, a hegemonia intelectual das últimas décadas.

LÓGICA CONTÁBIL

De família judaica, o historiador é um dos mais ferozes críticos de Israel, segundo ele, um país “imaturo”, “adolescente”. Mas os nacionalismos não o incomodam mais do que o modelo americano de divisão identitária étnica da população.

Em contraste com arautos de uma nova ordem mundial, pós-Guerra Fria e 11 de Setembro, Judt vê mais continuidade do que ruptura entre a época atual e os dilemas do século 20.

Sobretudo, é um crítico do crescente esvaziamento das perspectivas éticas e sociais nos debates políticos de décadas recentes, marcados pelo que acredita ser uma vazia lógica contábil, economicista. “Esquecemos como pensar politicamente”, escreve.

Muitos de seus textos se dedicam a desvendar os processos históricos que desaguaram na atual hegemonia conservadora, crítica do Estado-providência.

E ela é filha do “esquecimento”, defende Judt.

A geração que construiu os mecanismos distributivos das atuais sociedades europeias, que edificou eficientes sistemas de proteção social, educação e saúde públicas, havia vivido a experiência comum da Grande Depressão e da Segunda Guerra.

Seus líderes temiam as possíveis consequências de políticas que disseminassem injustiças sociais ou desigualdades econômicas.

A prosperidade que legaram aos filhos, nos países ricos, diminuiu o significado coletivo daquelas experiências traumáticas e dos temores a elas associados.

Os benefícios do Estado de Bem-Estar Social pareciam garantidos, defende Judt, ao mesmo tempo em que se abria espaço para a crítica aos seus excessos –na arrecadação de impostos e nos gastos públicos.

CICLO NATURAL

Mas a história não termina aí. “Creio que existe um ciclo natural de entusiasmo e desilusão, que se cruza com um ciclo parecido, de esquecimento e reaprendizado”, diz.

O mais recente ciclo de hegemonia ideológica, que diminuiu o papel do debate político e social, pode estar próximo do fim, afirma.

Os valores estritamente contábeis das últimas décadas já fazem sentir seus efeitos perniciosos na atual crise econômica e na crescente desigualdade das sociedades americana e britânica.

Há espaço, aposta, para um renovado apelo dos valores que ajudaram a edificar o Estado de Bem-Estar Social.

Fonte: Folha Online, 25 maio 2010

Promiscuidade e Poder

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Por Bráulia Ribeiro, na Eclesia (www.eclesia.com.br)

“Quanto mais distorcida a noção de certo e errado de um povo mais passível ele se torna de receber e aceitar domínios opressivos e tirânicos”

O governo brasileiro decidiu meter a “colher”, até na vida sexual de seus súditos, ops, digo: cidadãos. Quando se lê as cartilhas escritas pelo governo para o ensino de sexualidade nas escolas, o texto e os desenhos absurdamente explícitos excitam até aos adultos. As cartilhas tornam desnecessária aos curiosos a compra de guias sexuais como o Kama Sutra. Basta colocar as mãos numa destas cartilhas feitas para o ensino fundamental em casa, que o casal já vai ter informações novas para “apimentar” bastante sua vida sexual.

As cartilhas tem o “cuidado” de colocar todas os tipos de práticas sexuais no mesmo patamar sem “discriminar” nenhuma. Aliás, pra quem não sabe a sigla para definir a diversidade sexual agora não é mais GLS mas LGBTTTIAQ. Nem vale a pena tentar explicar o que cada letra quer dizer porque amanhã uma ou duas terão mudado de significado e com certeza outras serão acrescentadas. Em breve o Z de zoófilos estará presente. O governo ainda não colocou sexo com animais nas cartilhas para ensinar a nossas crianças os melhores bichos e posições, mas de acordo com o Correio Braziliense os zoófilos já estão no caminho. Continue lendo