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Yom Kippur e os fanatismos religiosos ~ por Michel Schlesinger

[Estadão, 5 out 11] No final da tarde desta sexta-feira começa o dia mais sagrado do povo judeu, o Yom Kippur, ou Dia do Perdão. Em jejum absoluto de 25 horas e muita oração, a comunidade judaica reúne-se em sinagogas de todo o mundo para um feriado dedicado à introspecção. Essa é uma oportunidade para refletir sobre o papel da religião na busca do aprimoramento do universo – em hebraico, ticun olam – e o combate aos fanatismos religiosos.

Esse feriado ocorre sempre dez dias após o Ano-Novo Judaico, o Rosh Hashaná. O calendário hebraico tem origem na criação bíblica do primeiro homem e da primeira mulher. Contamos 5.772 anos desde o sexto dia da criação do mundo. A liturgia desse período, conhecido com as Grandes Festas, indica que somos julgados por Deus no Rosh Hashaná e a sentença é confirmada no dia do Yom Kippur.

“É esse o jejum que escolhi? (…) A isto você chama de jejum? (…) Assim deveria ser o jejum: rompa as cadeias da iniquidade, desate os grilhões da opressão, envie o oprimido para a liberdade e quebre toda forma de dominação. Compartilhe seu pão com o faminto, abrigue em sua casa os pobres errantes, cubra o nu quando o vir e não ignore o seu próximo” – essas são as palavras que lemos, ano após ano, na manhã do Yom Kippur. De maneira dramática, o profeta Isaías (58:5-7) nos convida a refletir sobre o objetivo de nosso jejum. Impele-nos, principalmente, a uma coerência entre nossa atitude ritual e nosso comportamento social.

De nada adianta jejuar, na opinião do profeta, se não traduzirmos essa demonstração religiosa em atos de tzedaká, justiça social. O jejum faz sentido apenas quando acompanhado de um comportamento social ético e moral. Nosso compromisso precisa expressar-se em relação ao próximo para somente então ter legitimidade perante Deus. Continue lendo

Pregadores mirins travam guerra contra os pecadores do mundo

[Folha SP, 15 set 11] Que brincar que nada! O que Tipton, Matheus e Terry gostam mesmo é de pregar.

Os três meninos, que têm entre 4 e 12 anos, são os protagonistas de um documentário sobre mini-profetas.

Em “Bastidores: Pregadores Mirins”, é contado como cada um deles usa sua fé para converter os pecadores do mundo.

Tipton, que ainda não sabe ler nem escrever, já é considerado “o pregador mais jovem do mundo”, enquanto Terry é considerado o “pastor mais jovem do mundo”.

Algumas pessoas acham que esse último tem o dom de curar doentes.

Já Matheus, que mora no Rio de Janeiro, viaja pelo Brasil convertendo ladrões, narcotraficantes e criminosos em novos adeptos.

O documentário explora até que ponto essas crianças são resultado de pais de fanáticos e congregações que esperam ver milagres a qualquer custo.