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O Banco Mundial no comando da invasão de terras

Enquanto as imagens da fome na África rodam o mundo, poucos sabem que esse problema está ligado a investimentos na compra de terras. Com isso, a Etiópia cede milhões de hectares para transnacionais que substituem a agricultura de subsistência pela exportação. Em nome do livre mercado, o BM encoraja esse movimento.

[Benoît Falaise, Le Monde Diplomatique, 2 set 2011] Três anos após a crise alimentar de 2008, a questão da fome ressurge no Chifre da África. Entre as causas do flagelo estão os investimentos fundiários de grande escala, que buscam estabelecer culturas alimentícias e energéticas onde houver terra arável disponível. Sua amplitude é inédita. São 45 milhões de hectares – o equivalente a cerca de dez vezes a média dos anos anteriores – que teriam mudado de mãos em 2009.1 Na verdade, é difícil distinguir os investimentos em vista daqueles decididos ou mais ou menos executados, tamanha a má vontade das empresas e dos Estados em entregar seus números. Mesmo o Banco Mundial afirma que teve enormes dificuldades para obter informações confiáveis, a ponto de ter tido de se basear, para redigir seu relatório sobre o assunto, publicado em setembro de 2010,2 nos dados – muito alarmantes – divulgados pela ONG Grain.3

Em princípio, essas compras de terra enquadram-se muito bem no discurso adotado pelo Banco Mundial após a crise de 2008.4 A instituição avalia que qualquer aporte de capitais externos a um país com déficit de poupança favorece seu desenvolvimento, portanto, os investimentos privados na agricultura contribuem para o desenvolvimento nacional e a luta contra a pobreza, exigência moral do século XXI. Nota-se, aliás, que a Sociedade Financeira Internacional (SFI), filial do Banco Mundial, tem um papel-chave na promoção de tais investimentos. Continue lendo

Seca e fome atingem Somália

População busca abrigo no Quênia e na Etiópia

[Planetasustentável, 18 jul 11] Dezenas de milhares de pessoas estão fugindo da seca e da fome na Somália, em busca de alimentos e água em campos de refugiados no Quênia e na Etiópia, relata a ABC News. A crise surgiu por uma combinação letal de uma seca de dois anos, um enorme aumento mundial dos preços de alimentos e uma brutal guerra civil na Somália, onde grupos de ajuda têm dificuldade de operar. Os somalis estão andando até 60 quilômetros para chegar ao complexo de Dadaab, no leste do Quênia, o maior campo de refugiados do mundo. A trilha pode levar semanas, numa área desolada, a não ser pelas carcaças encontradas pelo caminho. Continue lendo