Seca e fome atingem Somália

População busca abrigo no Quênia e na Etiópia

[Planetasustentável, 18 jul 11] Dezenas de milhares de pessoas estão fugindo da seca e da fome na Somália, em busca de alimentos e água em campos de refugiados no Quênia e na Etiópia, relata a ABC News. A crise surgiu por uma combinação letal de uma seca de dois anos, um enorme aumento mundial dos preços de alimentos e uma brutal guerra civil na Somália, onde grupos de ajuda têm dificuldade de operar. Os somalis estão andando até 60 quilômetros para chegar ao complexo de Dadaab, no leste do Quênia, o maior campo de refugiados do mundo. A trilha pode levar semanas, numa área desolada, a não ser pelas carcaças encontradas pelo caminho.

Uma mulher com seis filhos teve de decidir neste final de semana se deixava para trás uma filha doente demais para viajar, tentando salvar o resto da família. Sofrendo de desnutrição, a menina não tem força suficiente para continuar a marcha de trinta dias. A mãe, traumatizada demais para descrever sua situação, ou mesmo para revelar seu nome, teve de deixar sua filha agonizando na beira do caminho. Tamima Mohammed, que viajou por 3 dias com seus sete filhos para chegar a Dadaab, está entre outros refugiados. Ela tem sarampo, e não há ajuda à vista. Seus filhos estão visivelmente desnutridos, mas seu saco de grãos está vazio. Ela diz que terá de implorar por comida. E mesmo depois de enfrentar estas dificuldades, deixando para trás tudo que possuem, e levando apenas a roupa do corpo, muitos refugiados dizem estar mais felizes nos campos, porque pelo menos podem encontrar comida para sobreviver.

Mokhtar, sua mulher Nashoy e seus seis filhos chegaram ao campo de refugiados depois de uma marcha de 30 dias. Eles agora vivem em uma tenda feita por eles mesmos com gravetos e pedaços de roupas. Estão entre aqueles que tiveram sorte. Mokhtar diz que finalmente ele e sua família estão ainda vivos e em segurança. Para mais de 400,000 somalis, Dadaab é agora um lar. A cada dia chegam mais 1300 deles. “As pessoas que estão chegando estão absolutamente desesperadas. Estão sem comer há semanas, depois de viajarem por longo tempo em situações difíceis”, relata Andrew Wander, da organização Save the Children. “A menos que consigamos ajuda humanitária nesta parte do mundo, e a menos que consigamos aumentar a escala de operações para satisfazer estas necessidades, a crise pode se transformar em uma catástrofe. E é isso que temos de brecar”, diz ele.  Melissa Fleming, porta-voz do Alto Comissariado Para Refugiados da ONU, concorda: “A seca, junto com a violência prevalente no sul e no centro do país, está transformando uma das piores crises humanitárias do mundo em uma tragédia humana de proporções inimagináveis”.

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