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Negros são mais atingidos por abandono e repetência escolar

[Folha SP, 19 abr 11] Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010, divulgado nesta terça-feira no Rio.

Homicídios ficam estáveis no país, mas crescem entre negros

A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes pretos e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio.

Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação.

Na população de 11 a 14 anos, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%).

“Mais uma vez, os dados também refletem que o problema de repetência e abandono, ao longo das coortes etárias, incide de forma desproporcional sobre os pretos e pardos”, diz o relatório.

O estudo acentua que é justamente dos 11 aos 14 anos a fase em que crianças e jovens começam a abandonar a escola, daí a gravidade dessa questão.

Desenvolvido pelo Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 ano de estudo a mais do que a negra.

Se comparado ao quadro de 1988, essa diferença entre brancos e negros pouco mudou. Naquela época, os brancos tinham 1,6 ano de estudo a mais, em média.

Atualmente, a população preta ou parda com mais de 15 anos tinha 6,5 anos de estudos em 2008, ante 3,6 anos em 1988. Entre os brancos, houve um salto de 5,2 anos para 8,3 anos de estudos.

A escola e os desafios da hora presente ~ J. B. Libanio

[Adital, 22 mar 11] Atravessa a existência e a história humana tensão constante e difícil de encontrar equilíbrio. O ser humano estrutura-se a partir de duas dimensões fundamentais. O processo evolutivo atingiu no ser humano patamar irreversível com a consciência, razão e liberdade. Nunca mais o primata homem regredirá à inconsciência simiesca. Todo o processo humano doravante caminhará na direção de criar-lhe condições para desenvolver a autoconsciência, a inteligência, a afetividade, as relações pessoais. Essa dimensão permanece definitiva.

Nessa perspectiva, a escola possui finalidade incontornável de educar as crianças, independentemente de tempo e geografia. Enquanto houver criança, a escola conservará a mesma finalidade. Não entra em questão aboli-la. Tarefa de sempre.

No entanto, os tempos se modificam. E a maneira de realizar a mesma missão assume configurações diferentes. No permanente da educação e da formação necessárias para as crianças, existem as contingências de cada época. O difícil consiste em não abrir mão do fundamental da educação, sendo flexível quanto às circunstâncias transitórias.

Tomemos os quatro pontos básicos: despertar a autoconsciência, desenvolver a inteligência, trabalhar a afetividade e promover a capacidade de relação. Continue lendo

O Profe$$or de A a B ~ Lucas Mendes

[BBC Brasil, 17 mar 11] Quando as cidades e os Estados americanos precisam cortar despesas, os professores são os primeiros sacrificados. Fogo neles.

Em Nova York, 4.500 estão ameaçados, entre eles alguns dos melhores, porque pela lei LIFO (Last In First Out , último a entrar, primeiro a sair) imposta pelo sindicato, os últimos contratados são os primeiros demitidos.

Até agora as tentativas de mudar a lei fracassaram. Deixa o menino ficar burro.

Em Estados do meio-oeste americano, os professores vão perder dinheiro, benefícios e influência, mais um passo em direção à acelerada burrificação dos Estados Unidos, mas, como você vai ver, dinheiro pesa, e muito, mas não é o fator decisivo para fazer a cabeça da garotada.

Esta semana, em Nova York, ministros de 16 países e secretários de Estados americanos, estão reunidos para fazer um balanço da educação no mundo e nos Estados Unidos.

Entre os países da OECD, Organização para Cooperação e Desenvolmento Econômico, onde estão a maioria das potências industriais, os salários médios dos professores secundários são mais baixos – US$ 39 mil – do que os dos professores americanos, US$ 44 mil. A equivalência cambial foi calculada levando em conta o poder de compra das moedas. Continue lendo

Banco Mundial analisa a evolução e os desafios da educação brasileira

Information search in the books

[Publicado no portal do MEC, 13 dez 2010] O Brasil registrou avanços em educação nos últimos 15 anos, mas ainda há desafios a superar para garantir o progresso do país. Esta é a síntese de estudo do Banco Mundial, Achieving World Class Education in Brazil: The Next Agenda (Chegando a uma educação de nível mundial, na tradução oficial), divulgado nesta segunda-feira, 13, pelo diretor da instituição para o Brasil, o senegalês Makhtar Diop, pelo coordenador de operações em desenvolvimento humano do banco, Michele Gragnolati, e pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.

O documento identifica os fatores que impulsionaram os avanços do Brasil na educação nos últimos anos e indica prioridades para o futuro. “Este e outros relatórios recentes divulgados por organismos internacionais mostram a mudança de tendência na última década, que é a melhoria na qualidade da educação brasileira”, disse Haddad.

O estudo destaca os progressos alcançados nos últimos anos por meio de políticas continuadas e de reformas efetivas e duradouras e dá como referência os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2009 — o Brasil está entre os três países que mais evoluíram nos últimos anos, principalmente pela redução da distorção entre idade e série. Continue lendo

Sistemas de ensino vivem crise em todo o mundo, avalia especialista

[Amanda Cieglinski, da Agência Brasil, 11 dez 2010]

Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgados esta semana, mostram que muitos países considerados referência em qualidade de educação não conseguiram melhorar o desempenho ou até mesmo pioraram – como o Reino Unido, a Holanda, França e Austrália. Para o especialista em educação e ex-representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil Jorge Werthein, os números mostram que “todos os países estão enfrentando uma crise em qualidade de educação”.

A prova é aplicada a cada três anos pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. Em 2009, participaram 65 países. O Brasil, apesar de ter melhorado seus resultados, ficou em 54° lugar. A média dos países-membros da organização ficou inalterada. Continue lendo

Brasil melhora em avaliação internacional, mas continua um dos piores do mundo

País superou barreira em leitura e ciências; exame internacional avalia estudantes a cada 3 anos

[Texto de Lisandra Paraguassú, O Estado de SP, 7 dez 2010]

O Brasil pode comemorar, mesmo que sem muita empolgação, os resultados do o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O País teve a terceira maior evolução nas médias de 65 nações e conseguiu superar a barreira dos 400 pontos em leitura e ciências, mas ficou abaixo desse patamar em matemática. O resultado, no entanto, ainda está longe de ser positivo. Nas três áreas, pelo menos a metade dos jovens brasileiros não consegue passar do nível mais básico de compreensão.

O Pisa avalia estudantes de 15 anos completos em todos os países membros da OCDE, mais os convidados – como Brasil, México, Argentina e Chile, entre outros. Em 2009, ano da prova mais recente, foram selecionados 400 mil jovens em todo o mundo, incluindo 20 mil brasileiros de todos os Estados. A escolha pela faixa etária permite uma comparação entre os diferentes países, mesmo que os sistemas de ensino sejam diferentes.

A matemática ainda é o ponto mais fraco dos estudantes do País. Apesar de ter subido 16 pontos, a média nacional – de 386 – ainda fica 111 pontos abaixo da média da OCDE. Em ciências, a média brasileira subiu 15 pontos e chegou a 405, enquanto em leitura, onde houve a maior evolução – 17 pontos -, alcançou 412. Continue lendo

Ensino superior tem 5,9 milhões de estudantes, diz MEC

[Amanda Cieglinski, Agência Brasil, 4 dez 2010]

As matrículas no ensino superior cresceram pouco mais de 3% entre 2008 e 2009, confirmando a tendência de estabilidade verificada nos últimos anos. É o que apontam dados preliminares do Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC).

As informações completas ainda não foram divulgadas. Dos 5,95 milhões de alunos das instituições de ensino superior, 4,43 milhões estão na rede privada e 1,52 milhões nas públicas. Os números incluem estudantes de cursos presenciais e a distância.

Os dados mostram que houve uma pequena queda no número de alunos da rede pública – cerca de 30 mil a menos. Em 2008 1,55 milhões estavam matriculados. A redução se deu nas universidades municipais e estaduais, já que na rede federal houve um acréscimo de 141 mil novos estudantes no período de um ano (em cursos presenciais e a distância).

Um balanço das ações divulgado pelo MEC mostra que houve um acréscimo de quase 60% no número de vagas oferecidas nas universidades federais entre 2003 e 2009. Esse crescimento ocorreu em função do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado em 2007. A previsão do MEC é que em 2012 o total de vagas oferecidas por essas instituições chegue a 234 mil.

O levantamento da pasta ressalta ainda que de 2005 a 2010, 748.788 ex-alunos de escolas públicas tiveram acesso a uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). Do total, 69% dos benefício eram integrais – que custeiam 100% das mensalidades em faculdades privadas. Quase metade (47%) dos bolsistas eram afrodescendentes.

O desafio da educação

Executivos contam como lidam com o apagão de profissionais e apontam possíveis soluções para o problema

[Texto de Luis de França, publicado na Você S/A, 28 out 2010]

O medo de um apagão de profissionais provocado pelos gargalos da educação, que não consegue formar mão de obra qualificada na quantidade que o mercado demanda, preocupa 63% dos presidentes de empresa no Brasil. Uma pesquisa realizada pela consultoria PricewaterhouseCoopers com 1 150 executivos de grandes corporações no mundo (70 deles brasileiros) mostra que essa inquietação supera outras ameaças ao desenvolvimento, como os custos de energia, as mudanças climáticas e até mesmo a escassez de recursos naturais. Em ano de eleição presidencial, essa deveria ser a bandeira dos candidatos, mas até o fechamento desta edição os três primeiros colocados na corrida presidencial ainda não tinham apresentado um plano de governo que contemple o assunto. Não por acaso, os brasileiros são os mais céticos em relação à capacidade do governo de resolver o problema. Enquanto na China, 52% dos CEOs acreditam que o governo está combatendo o mal da falta de mão de obra qualificada, na Holanda essa confiança no governo é de 37%, na Índia é de 33% e no Brasil é de apenas 10%.

Uma das alternativas para resolver a questão é o maior investimento na formação técnica. “O Brasil tem de investir em cursos técnicos, que é uma qualificação rápida e em dois anos o profissional consegue entrar no mercado de trabalho”, diz Juan Quiró, presidente do Grupo Advento e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Mas, para isso, é necessário mapear o país e verificar as vocações produtivas de cada região e focar em cursos específicos para cada habilidade.” Continue lendo

Em crise, magistério atrai cada vez menos

[Texto de Alessandra Duarte e Carolina Benevides, O Globo, 20 nov 2010]

RIO – Com a professora de História doente, e sem que a escola conseguisse substituto, o jeito foi os alunos fazerem as vezes de professor: em julho de 2009, três alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Ernesto Faria deram aula dessa disciplina para colegas que estavam no 1º e no 2º ano. A falta de professores que atinge os ensinos fundamental e médio é um problema que começa nos bancos das universidades, onde os alunos não querem mais se formar como professor.

Um levantamento dos últimos censos escolares do Inep mostra que, de 2005 a 2008, caiu 12,4% o número de concluintes de cursos superiores de “formação de professores de matérias específicas” – o item, no censo escolar, que abriga licenciaturas como as de Português, Matemática, Química e Física. Se eram 77.749 em 2005, foram para 68.128 em 2008 – ano que viu 817 alunos concluírem cursos de “formação de professores em Português”, enquanto o de Direito formou 85 mil, e cursos de Administração, 103 mil.

O dado vai ao encontro de números da Fundação Carlos Chagas que dão conta de que, em média, 70% dos alunos que entram em cursos de licenciatura desistem antes de completá-lo. Continue lendo

A obesidade mental ~ Por João César das Neves

O prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard, publicou em 2001 o seu polêmico livro “Mental Obesity”, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.

Nessa obra introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física decorrente de uma alimentação desregrada. É hora de refletir sobre os nossos abusos no campo da informação e do conhecimento, que parecem estar dando origem a problemas tão ou mais sérios do que a barriga proeminente. ”

Segundo o autor,

“a nossa sociedade está mais sobrecarregada de preconceitos do que de proteínas; e mais intoxicada de lugares-comuns do que de hidratos de carbono.

As pessoas se viciaram em estereótipos, em juízos apressados, em ensinamentos tacanhos e em condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. ”

“Os ‘cozinheiros’ desta magna “fast food” intelectual são os jornalistas, os articulistas, os editorialistas, os romancistas, os falsos filósofos, os autores de telenovelas e mais uma infinidade de outros chamados ‘profissionais da informação’”.

“Os telejornais e telenovelas estão se transformando nos hamburgers do espírito. As revistas de variedades e os livros de venda fácil são os “donuts” da imaginação. Os filmes se transformaram na pizza da sensatez.” Continue lendo

Maioria dos jovens está fora do ensino superior

Em 2009, apenas 14,4% da população de 18 a 24 anos – faixa etária esperada para o ingresso na educação superior – estava matriculada nessa etapa de ensino. É o que aponta a análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE).

De acordo com o estudo, esse fato se deve “aos entraves observados no fluxo escolar do ensino fundamental e médio, que têm elevada taxa de evasão e baixa taxa média esperada de conclusão”. Isso significa que o estudante termina o ensino médio após a idade esperada – 17 anos – e ingressa na universidade com atraso. Considerando a taxa de frequência bruta, 30,3% dos jovens de 18 a 24 anos estavam estudando em 2009.

O acesso é diferente em cada região. Enquanto no Sul, 19,2% dos jovens na faixa etária analisada frequentavam o ensino superior em 2009, no Nordeste o índice era inferior a 10%. Entre os jovens de 18 a 24 anos da zona rural, apenas 4,3% tinham acesso a cursos superiores, contra 18,2% da população que vive na cidade. Também há desigualdade no acesso entre negros (8,3%) e brancos (21,3%).

Ainda levará cinco anos para que a população brasileira atinja a escolaridade mínima prevista originalmente na Constituição Federal – ensino fundamental completo ou oito anos de estudo. É o que aponta a análise do Ipea. Continue lendo

O escasso capital humano

solitary moment at the beach

O Brasil, oitava maior economia do mundo, empata com o Zimbábue quando se compara a escolaridade média – 7,2 anos – das pessoas com 25 anos ou mais. Há 30 anos sob uma ditadura, devastado pela violência e com uma taxa astronômica de inflação, o país africano aparece no último lugar, numa lista de 169 países classificados com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). No 73.º posto, o Brasil avançou quatro posições desde o ano passado, ingressando no grupo das nações consideradas com IDH elevado. Mas essa mudança é insuficiente. O País continua a exibir péssimos indicadores de educação e saneamento, condições essenciais para o progresso individual e para a formação de um capital humano de alta qualidade. São condições essenciais para a consolidação de qualquer país como potência econômica, isto é, como economia moderna, competitiva e capaz de fazer diferença no quadro mundial. Continue lendo