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Facebook registra até mensagens não enviadas, mostra estudo

facebookNão é preciso apertar Enter para um texto digitado no Facebook ser lido por alguém: a rede social registra postagens e comentários cujo autor desistiu de enviá-los, mostra um estudo divulgado pelo Facebook e realizado por um de seus pesquisadores.

Adam Kramer, cientista de dados do Facebook, junto com o pesquisador Sauvik Das, da Universidade Carnegie Mellon (EUA), analisaram mensagens que eles chamam de autocensuradas de 3,9 milhões de usuários da rede durante 17 dias na metade do ano passado, a fim de descobrir quem costuma digitar e não enviar, e em que momentos isso acontece.

Mensagens com mais de cinco letras e retidas por pelo menos dez minutos são as tidas como autocensuradas pelos autores.

Entre as conclusões do estudo, consta que homens se autocensuram ao fazer uma postagem na rede mais do que as mulheres, mas mulheres desistem mais de comentários do que fazem os homens.

Além disso, mensagens são mais comumente autocensuradas do que comentários; usuários com uma rede de contatos mais heterogênea nos quesitos idade e orientação política se censuram menos.

Entre as “não atividades”, o só texto autocensurado não é a única registrada pela rede. O Facebook já divulgou que todos os pedidos de amizade, mesmo que recusados, ficam catalogados. O registro de tudo o que acontece tem como objetivo de impedir que as pessoas desistam das interações, e efetivamente pressionem Enter.

Durante o período estudado, 71% dos usuários hesitaram ao postar ou comentar. Durante o período monitorado, cada um deles desistiu de aproximadamente 5 postagens e de 3 comentários.

“Decidir não postar um comentário politicamente carregado ou imagens de determinadas atividades recreativas podem poupar uma boa quantia de capital social”, escreveram os pesquisadores, no documento que foi inicialmente publicado pela AAAI (Associação pelo Avanço da Inteligência Artificial, na sigla em inglês).

A pesquisa foi realizada durante o verão do hemisfério norte do ano passado, que aconteceu entre junho e setembro, mas as datas exatas de início e término do período de 17 dias não foram divulgadas.

[Matéria publicada na Folha SP, 20 dez 2013]

A pornografia das frases de efeito ~ Paulo Brabo

palavras soltasPor mais que eu me esforce, não consigo pensar num fator que tenha contribuído mais para a diluição do impacto da Bíblia, tendo aberto maior brecha para uma leitura tendenciosa da sua mensagem, do que o fato de que um dia alguém achou por bem dividi-la em versículos.

Um livro como a carta de São Paulo aos Efésios, que até aquele momento vinha sendo lido como um todo contínuo e orgânico, acordou no dia seguinte esquartejado de modo inteiramente arbitrário, tendo adquirido a graça e a agradabilidade de leitura de uma planilha do Excel. E nunca mais recuperaram-se da operação: foi retalhado dessa forma que cada livro da Bíblia chegou até nós.

A divisão em versículos teve a infelicidade de nascer mais ou menos ao mesmo tempo em que vinha à luz a tecnologia dos tipos móveis de Gutemberg – e tecnologia significou desde sempre uma coisa: não há erro fortuito que não possa ser reproduzido indefinidamente. Continue lendo

Redes sociais: desabafos, excessos e riscos ~ Denis Mello

O que leva uma pessoa perspicaz e culturalmente preparada à exposição desmedida via redes sociais?

Há pouco tempo, acompanhei de perto um fato que demonstrou, na prática, as consequências negativas geradas pela atitude de emitir opiniões impensadas via internet. O caso envolveu um alto-executivo que teve sua reputação, construída durante anos de esforço e dedicação, comprometida por desabafos expostos nas redes sociais.

[Denis Mello, Portal Administradores, Prestes a ser contratado por uma grande empresa para o cargo de diretor, o executivo teve suas pretensões comprometidas, depois de a área de Recursos Humanos localizar postagens no facebook e twitter, nas quais ele criticava uma companhia onde havia trabalhado. A consequência foi fatal, pelo menos para aquele momento da sua vida. Em poucos minutos, ele teve a imagem profissional, sua “marca”, destruída. Nada mais desalentador para quem estava, em primeiro lugar, entre os três melhores candidatos. Continue lendo

Mídia digital motiva “crentes” autônomos, diz pesquisador

A mídia digital empodera pessoas na escolha religiosa, no desenvolvimento de “crentes” autônomos, disse o professor Stewart Hoover, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Autoridades eclesiais perderam o controle sobre os símbolos religiosos e têm dificuldades de encontrar modelos para divulgá-los, ao contrário da mídia.

[Edelberto Behs, ALC, 27 mar 2013] Tratados como campos separados até os anos 60 do século passado, mídia e religião passaram a convergir, apontou Hoover em palestra para alunos de Jornalismo, proferida ontem na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Hoje, pesquisadores voltam seus olhares para o fenômeno da religião digital.

As tecnologias digitais, explicou o diretor do Centro para a Mídia, Religião e Cultura, são o espaço específico onde a religião está sendo modificada, trazendo autonomia pessoal, provocando o declínio da autoridade religiosa, transformando a lógica estética da própria mídia e gerando culturas digitais. Continue lendo

Geração desconcentrada

As distrações constantes causadas pelo meio digital já afetam o aprendizado de adolescentes e jovens.

[Larry Rosen*, Estadão, 18 nov 12] Uma pesquisa recente do Pew Internet & American Life Project, em que foram entrevistados 2.462 professores dos ensinos fundamental e médio nos EUA, conclui que: “A vasta maioria concorda que as atuais tecnologias estão criando uma geração que se distrai com facilidade e só consegue se concentrar por breves intervalos de tempo”. Dois terços dos professores concordam que as tecnologias contribuem mais para distrair os alunos do que para o seu desempenho escolar.

Recentemente, minha equipe de pesquisa observou 263 alunos dos ensinos médio e superior estudando em casa por 15 minutos. O objetivo era verificar se os jovens conseguiam se manter concentrados e, em caso negativo, o que motivava a dispersão. A cada minuto, anotávamos o que eles faziam: se estavam estudando, trocando mensagens de celular, se havia um som ou uma TV ligados, se estavam diante de um PC e quais sites visitavam. Continue lendo

Facebook tem 5,6 milhões de crianças em sua rede social

[Diane Bartz, Reuters, 19 set 12] O Facebook tem um segredo, um número não revelado em seus volumosos documentos para tornar-se uma companhia de capital aberto, e agora apenas ligeiramente abordado por representantes da empresa.

Estima-se que 5,6 milhões de clientes do Facebook –cerca de 3,5 por cento de seus usuários norte-americanos– sejam crianças, as quais a companhia diz que estão banidas de participar da rede social. Continue lendo

Indígenas desafiam fronteiras e se unem contra grandes obras na América Latina

Desafiando as fronteiras nacionais, indígenas de países latino-americanos estão se articulando de forma inédita na oposição a obras que afetam seus territórios e a políticas transnacionais de integração.

[João Fellet, BBC Brasil, 23 abr 2012] Com o auxílio de tecnologias modernas e de conexões históricas, índios de diferentes grupos têm buscado unificar posições em organizações internacionais como ONU e a OEA (Organização dos Estados Americanos). Experiências bem-sucedidas por toda a América Latina em disputas com governos e empresas também vêm sendo compartilhadas.

Índios sem fronteiras

“Estamos mapeando todas as conquistas dos nossos parentes (povos indígenas) no continente para aproveitarmos as experiências deles aqui no Brasil”, afirma Marcos Apurinã, coordenador-geral da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira). Continue lendo

Mais conectado, turista moderno está mudando modo de viajar

Acabaram as viagens reservadas com meses de antecedência, pois os turistas conectados de hoje mudam seus planos de um dia para outro, estando sempre à procura de contato humano, analisaram especialistas reunidos no Japão.

[France Presse/FSP, 21 abr 12] “Compreender o uso das novas tecnologias é fundamental para que a indústria do turismo possa continuar a crescer”, destacou Philip Wolf, fundador do centro de análises PhoCusWright.

O Conselho Mundial da Viagem e do Turismo (WTTC, na sigla em inglês) encerrou na quinta-feira (19) sua reunião anual, tentando compreender esses “novos consumidores” que o setor terá que atrair, se quiser atingir seu objetivo de crescimento no longo prazo de 4% por ano e manter sua parte de 9% no Produto Interno Bruto mundial. Continue lendo

Sites de busca investem em sistema de pesquisa mais ‘humano’

Os primeiros traços de humanidade incorporados por máquinas já começam a aparecer, em grande escala, nas ferramentas de buscas.

[Alexandre Orrico, FSP, 5 abr 12] Esqueça os robôs humanoides e os mordomos mecânicos educados, que põem a mesa e colocam as crianças para dormir, típicos de filmes de ficção científica.

Os primeiros traços de humanidade incorporados por máquinas já começam a aparecer, em grande escala, nas ferramentas de buscas. Continue lendo

Vítimas de Kony reprovam vídeo e sessão tem protestos em Uganda

O filme já foi visto mais de 77 milhões de vezes em todo o mundo, mas não por aqueles que mais conhecem Joseph Kony: suas vítimas no norte de Uganda.

[Rosebell Kagumire / UGANDA & David Smith /ÁFRICA DO SUL // DO “GUARDIAN”, 15 mar 12] Essa situação mudou na noite da última terça (13), quando milhares de pessoas se reuniram para assistir a “Kony 2012”, o vídeo feito por uma organização de caridade americana para pedir uma campanha de base contra o “senhor de guerra” foragido.

Antes do pôr-do-sol da terça-feira, duas varas metálicas foram enfiadas na terra seca e grama e um lençol branco foi suspenso entre elas, criando um cinema ao ar livre no jardim da prefeitura no centro de Lira, 350 quilômetros ao norte da capital, Uganda. Continue lendo

Fenômeno Kony: redes, manipulação e resposta

Como um documentário oportunista tornou-se maior viral da História e o que ele revela sobre a ingenuidade na rede.

[Marina Barros, Ópera Mundi, 15 mar 12] O ineditismo de um vídeo de 29 minutos ser viralizado não é o único fator que faz de KONY2012 um fenômeno da internet. Com mais de 100 milhões de “views” em menos de uma semana, o documentário produzido pela organização humanitária californiana Invisible Children tornou-se o “viral” de difusão mais rápida desde o surgimento da internet, e a campanha de captação de recursos mais bem sucedida dos últimos anos.

Personagens reais, celebridades como Oprah, Rihanna, exércitos de jovens lindos e loiros interagindo com políticos “do bem” compõem uma trama nada simples mas com uma mensagem clara: Precisamos parar KONY! E faremos isso pela mobilização da opinião pública para a autorização da instalação de uma base militar americana em Uganda que vai…parar KONY. (Stop KONY!) Continue lendo

O dilema da imprensa no drama das “crianças invisíveis” em Uganda

Jason Russel  explora uma situação dramática, comovente e revoltante num vídeo entulhado de clichês que vão desde opiniões de seu próprio filho de três anos para justificar um esforço mundial para capturar Koni, até instruções sobre como colocar o bandoleiro africano na mídia internacional, usando braceletes, doações, kits publicitários etc, passando por inevitáveis depoimentos de estrelas de Hollywood e de políticos norte-americanos em campanha eleitoral. 

[Carlos Castilho, Observatório da Imprensa, 10 mar 12] Até às 22h de sábado (10/3), 68 milhões de pessoas assistiram ao vídeo Kony 2012  pouco mais de cinco dias depois de ter sido colocado na Internet.  Mas o que impressiona não é apenas a curiosidade em massa por um filme de meia hora que pretende usar os meios de comunicação para transformar um criminoso em celebridade mundial como estratégia para lograr a sua captura. Continue lendo