Era uma vez um junípero… ~ por José Roberto Prado

Em sua carta, Tiago afirma que o profeta Elias era um ser humano como nós (5:17).

Para alguns, esta afirmação é difícil de ser compreendida.

Como se identificar com alguém que confrontou um rei, ressuscitou um jovem, orou para que não chovesse e não choveu, orou pra chover e choveu, orou pra que viesse fogo do céu e veio… E de quebra, foi arrebatado num carro de fogo?

Mas existe uma outra face de Elias.

O Elias que se sente sozinho, foge para o deserto, senta-se debaixo de um Junípero (ou zimbro em outras traduções, uma árvore nativa do deserto) e pede pra “ser promovido”.

Eu consigo me identificar com Elias.

Aqueles que não entendem o que Tiago estava falando o fazem por não conjugarem estas duas faces do profeta.

Mais ainda, talvez achem difícil aceitar que Deus usa vasos rachados, quebrados mesmo, que às vezes, vazam…

Mas é assim mesmo que Deus age.

O fato de Elias ter sido usado da maneira extraordinária como foi, ou reagir depressivamente, não o torna mais ou menos espiritual.

Isto o torna mais humano.

É isto que Tiago quer nos ensinar: Deus usa pessoas comuns, que ousam crer nele. Através destas, faz coisas extraordinárias.

Seguindo a pista de Tiago, ao meditar na vida de Elias (1 Reis 17-19) encontrei lições preciosas para inspirar nossa intercessão.

Estas se aplicam a nós discípulos, especialmente quando oramos por outros irmãos em momentos de crise.

Aqueles que podem estar agora mesmo enfrentando um deserto, se abrigando debaixo de um Junípero.

Notemos primeiramente que Elias fora fiel em sua missão, vivendo-a intensamente, ainda que esta implicasse em anos de isolamento, sustento “pela fé” (corvos, uma pobre viúva estrangeira), confronto no monte Carmelo, falsos profetas mortos.

Sim, muitos de nós nos identificamos com o Elias que vive 100% sua missão, na contra-mão de sua geração, ainda que esta geração seja chamada de igreja evangélica brasileira.

Acontece que mesmo os 100% de Elias – e os nossos – às vezes, não bastam!

Com todos nossos esforços, vitórias e milagres de Deus, é bem provável que ainda nos reste uma “Jezabel” a ser vencida.

Eu me identifico com Elias.

Ele esperava uma vitória total.

E aí, no aparente ápice de sua carreira, rachou.

Quebrou mesmo.

Vai para o deserto, penso eu, não tanto pelo medo da rainha má, mas para “jogar a toalha”, abandonando a arena da missão.

Talvez, como eu e você, ao deparar-se com nossas “jezabéis”, Elias tenha se perguntado: afinal de contas, o que está errado?

Eu entendo Elias.

Posso imaginá-lo sentado debaixo daquele Junípero com o gosto amargo do fracasso na boca, o aperto no peito, o desalento de ter toda sua força drenada em um projeto que, apesar da extraordinária vitória no Carmelo, não fora suficiente para convencer Jezabel.

E ela pragueja, jura morte, manda um mensageiro.

É este mensageiro de Jezabel que revela a Elias (e a nós) a fraqueza e a fragilidade de todos nossos melhores esforços, sonhos e planos.

Ele expõe nossa humanidade, o barro do qual somos formados. Nos faz ver as rachaduras do vaso. Revela o insistente, cruel e inexorável conflito espiritual que estamos inseridos.

Mas acima de tudo, o mensageiro de Jezabel revela que Deus tem planos diferentes dos nossos. Ele age de maneira própria, com uma lógica que nos confunde.

Deus está muito mais interessado em fazer-nos “santos dependentes” do que “bem-sucedidos auto-suficientes”.

E esta lição é difícil de ser aprendida, seja por este José aqui, ou até mesmo para um profeta como Elias.

Mas, se Jezabel tem seu mensageiro, Deus também tem os seus, Aleluia!!!

É o mensageiro de Deus que encontra o profeta em toda sua dor e fracasso, bem ali, debaixo do Junípero.

Sim, talvez você mesmo esteja debaixo de um Junípero, aí onde está agora. Pela fé, creia que o Senhor ouvirá sua prece e também lhe enviará seu mensageiro.

Como ansiamos ouvir sua voz!

Mas não pense só em você.

Junto contigo, aí no Junípero, podem estar muitos outros irmãos, pastores e até missionários.

Eles estão calados, fracos, desesperançados demais para se mover.

Gente que precisa ser visitada, tocada, ministrada pelo anjo de Deus, assim como foi Elias.

Será que Deus pode usar sua vida para levar-lhes algum alento?

Sim, tenho certeza que pode.

E eu sei como: Ele decidiu agir em resposta ao clamor de seu povo!

Não é difícil imaginar que Deus enviou o anjo a Elias em resposta às orações dos cem profetas preservados por Obadias e também das sete mil pessoas que não se dobraram a baal.

É por isto que escrevo, mesmo daqui do Junípero.

Creio que Deus pode agir em resposta à sua oração.

Tiago concordaria comigo: muito pode a súplica de um justo!

Que de alguma maneira, esta história de Elias motive sua intercessão e ação por outros irmãos.

2 ideias sobre “Era uma vez um junípero… ~ por José Roberto Prado

  1. Cledson Grimbor Benvenutti

    Linda e profunda mensagem, é muito bom saber que Deus usa os fracos e imperfeitos como nós para realizar sua obra.

  2. Alessandra

    Estava eu, em um retiro de Silênio durante o cranaval na Obra dos Santos anjoem em São Paulo-Guaratingueta. Quando amanheci com esse nome em meu coração, não sabia o significado deste.Lend esta mensagem me identifiquei com a Historia de Elias.
    Peço a oração de vcs!!!
    Desde já agradeço

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