Venezuela é o país com mais adolescentes grávidas na América do Sul

[EFE/FolhaSP, 28 dez 11] A Venezuela é o país com mais adolescentes grávidas da América do Sul. Quase um de cada quatro partos é de uma menor de 19 anos, uma problemática que o governo de Hugo Chávez espera atacar com um plano assistencial sob críticas opositoras e de organismos especializados de falta de prevenção.

Dos 591.303 partos que houve em 2010, 130.888 foram de menores de 19 anos e 7.778 de mães menores de 15 anos, revelou o próprio Chávez, que qualificou de “alarmantes” os números.

Segundo o relatório Estado de População Mundial 2011 do Fundo de População das Nações Unidas, a Venezuela lidera a taxa de gravidezes precoces da América do Sul com uma taxa de 101 nascimentos por cada mil mulheres de 15 a 19 anos, à frente de Equador (100) e Colômbia (96), e só superada na América Central por Honduras (108) e Nicarágua (109).

Na Venezuela a primeira relação sexual ocorre por volta dos 15 anos e, apesar de nove em cada dez adolescentes conhecerem os métodos anticoncepcionais, só um de cada dez os usa, segundo a Pesquisa Nacional de População e Família de 1998.

“Encontramo-nos com um grupo muito importante de jovens que, mesmo conhecendo os métodos, não evitaram a gravidez. E isto acontece porque ter um filho para uma jovem adolescente que não tem maiores projetos de futuro, pode se transformar em um projeto de vida”, disse a ministra da Juventude, Maripili Hernández.

Muitas das meninas acabam criando seus filhos sozinhas e com a ajuda de seus familiares, repetindo padrões aprendidos. Por isso, Maripili ressalta a necessidade de tomar “medidas urgentes”.

Com esta intenção, o governo lançou recentemente campanhas e iniciou oficinas de educação sexual nas escolas, que se somam à Grande Missão Filhos da Venezuela –nascida em 12 de dezembro– e que prevê uma alocação mensal de US$ 100 para mães pobres, incluindo as adolescentes.

Para receber a ajuda, as mães devem se inscrever em centros onde controlarão sua gravidez, por sua vez receberão programas de prevenção sexual, planejamento familiar e capacitação, tudo sob a “condição de que se mantenham dentro do sistema escolar”, detalhou a ministra.

Considerando a dimensão cultural do problema, organizações dedicadas ao atendimento e prevenção de gravidezes adolescentes pedem que os planos governamentais “atuem com a prevenção” e uma boa formação escolar.

María Teresa Urbina, presidente da Plafam (uma associação civil de planejamento familiar com 25 anos de história no país), considera que o governo fez alguns esforços, mas que, em geral, “poucos” foram em matéria preventiva e houve erros na distribuição de métodos anticoncepcionais.

“Evidentemente o que não existiu foi prevenção”, declarou a deputada e pré-candidata opositora, María Corina Machado. “Estas transferências diretas, em muitos casos, geram mais dependência e não resolvem o problema”.

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