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Não as impeçam! ~ por José Roberto Prado

O Estado as ignora na falta de postos de saúde, de médicos, de vagas nas escolas e de professores capacitados e bem remunerados; na falta de praças e quadras, na falta de propostas culturais, enfim, elas são ignoradas na falta de políticas públicas que as protejam.

O mercado não as ignora, pelo contrário, as explora.

Aproveita sua ingenuidade, sua não-resistência aos complexos mecanismos de manipulação marqueteira e sua incomparável capacidade de convencimento dos mais velhos.

O mercado as forma, conforma, transforma e deforma em ávidos consumidores, clientes acríticos e fiéis dos supérfluos, das marcas, das novidades de cada estação.

A família, na maioria das vezes, não lhes ignora nem explora.

A família simplesmente as abandona.

Não se ofenda e nem se engane. São pessoas corretas, pais e mães responsáveis, preocupados com o futuro, comprometidos a proporcionar-lhes educação, saúde e claro, um lazer de vez em quando.

Para a grande massa da população brasileira, proporcionar estes “privilégios” significa que ambos, pai e mãe, trabalhem fora em jornadas de trabalho que chegam a 14 horas por dia.

Com grande sentimento de culpa, é verdade, seus pequenos são deixados aos cuidados ininterruptos e corruptos das sofisticadas e multicoloridas telas das “babás eletrônicas” – entenda-se Tvs, DVDs, Videogames e computadores.

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Isabella. Era uma vez uma ovelhinha…~ por José Roberto Prado

Já faz alguns anos que uma menina chamada Isabella, de 5 anos, foi morta ao ser estrangulada e jogada pela janela do apartamento no sexto andar de um prédio em São Paulo.

Todos nós acompanhamos diariamente pela mídia cada detalhe do caso. Mesmo passado tanto tempo, parece que ainda há lugar para conjecturas. Não pretendo aqui apontar os culpados. Quero, contudo, propor uma reflexão a partir desta tragédia.

Alguns temas levantam-se imediatamente: a insegurança urbana; a sede de justiça dos seres humanos; a perplexidade diante da tragédia e, ao confirmar-se a pior hipótese, a violência doméstica – talvez a mais cruel das violências – pois que praticada covardemente dentro de quatro paredes, onde a ferida física e emocional tem como agente o mais próximo, em quem mais se confia e que deveria proteger.

A reboque deste tema surge o personagem do “pai-marido violento”, repreendido severamente pelo Senhor em Malaquias 2.16: “Eu odeio o homem que se cobre de violência…”. Continue lendo