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Governo sírio bloqueia serviço de mensagens instantâneas

Serviço de mensagens instantâneas gratuitas foi  bloqueado no país; ‘dia triste para a liberdade’, diz empresa

[Estadão/EFE, 5 mar 12] Madri – O popular serviço de mensagem instantânea WhatsApp foi bloqueado na Síria, informou nesta segunda-feira, 5, a própria companhia em sua conta oficial no Twitter. A empresa disse que hoje é “um dia triste para a liberdade”, mas não informou se a medida era temporária ou definitiva.

Serviços de mensagem deste tipo estão revolucionando a comunicação e vem desempenhando um papel importante na mobilização de cidadãos contra governos, o que vem ocorrendo com frequencia na Primavera Árabe.

Esta não é a primeira vez que regimes autoritários bloqueiam este tipo de serviço.

A popularidade do dispositivo é tanta que as principais operadoras de telefonia celular do mundo deverão oferecer a partir do ano que vem um sistema similar ao WhatsApp que funcionaria na maioria dos aparelhos.

Mortes na Síria: Dois jornalistas e um repórter-cidadão

A morte de dois jornalistas ocidentais, Mary Colvin e Rémi Ochlic, no bairro dissidente de Baba Amr, em Homs, Síria, na quarta-feira (22/2), lançou os olhos do mundo sobre esta cidade que é a capital da província do mesmo nome e faz fronteira com o Líbano, ao norte, e com a Jordânia e o Iraque, ao sul.

[Sergio da Motta e Albuquerque, Observatório da Imprensa, 28 fev 12] O fogo de artilharia pesada continua sem cessar sobre a cidade revoltada. O mundo assiste ao massacre indeciso entre os “corredores de fuga” (sugestão dos franceses) para os sitiados, sem fazer nada e esperar, ou aceitar a argumentação pró-Bashar Al-Assad da Rússia e da China, que não aceitam de forma alguma a intervenção militar no país árabe.

A China teme qualquer revolta muçulmana porque receia as repercussões no Sinkiang, predominantemente islâmico e povoado por etnias de origem turca. A Rússia teme a queda do partido socialista Baath, a autocracia laica que controla o país desde 1963. Os russos acreditam que o partido é o último bastião das ideias seculares no mundo árabe. Na realidade, é um resquício do pan-arabismo leigo de Gamal Abdel Nasser que se transformou numa organização assassina.

Quem quiser saber mais sobre o partido Baath deve ler o livro O Espião de Damasco: o caso de Eli Cohen (Editora Artenova, 1971). É uma história real que mostra os bastidores íntimos do partido nos anos 1960: um conjunto de oficiais das forças armadas, profissionais liberais, comerciantes ricos e autoridades públicas oriundas das mais diversas etnias, religiões e tribos do país, que impunham uma unidade autoritária ao país. Acima de todos estava a cúpula militar com os comandantes das forças armadas do país. O partido seguiu a doutrina do pan-arabismo de Nasser em seu início, mas degenerou em ditaduras cruéis em alguns países árabes de maioria sunita. A revolta no mundo árabe é uma rebelião sunita. Continue lendo

Presidente do Iêmen promete perseguir militantes da Al Qaeda

[Mohammed Mustafa, Reuters/Estadão, 5 mar 12] O novo presidente do Iêmen prometeu nesta segunda-feira (5 mar 12) perseguir até o último esconderijo os militantes ligados à Al Qaeda que foram responsáveis pela morte de mais de 110 soldados, no seu mais letal ataque ao Exército local.

Os militantes anunciaram também a captura de 70 soldados num ataque realizado após atentados suicidas contra dois quartéis nos arredores de Zinjibar (sul), no domingo. Foi o mais letal incidente no Iêmen desde a posse do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi.

Na segunda-feira, militantes do grupo Ansar al Sharia, ligado à Al Qaeda, desfilaram com equipamentos militares capturados no ataque. Continue lendo

Jornalistas cidadãos da Síria desafiam a morte para divulgar imagens

Ativistas munidos de câmeras e equipamentos de edição burlam ataques aéreos e internet lenta.

[BBC Brasil, 5 mar 12] Dois ativistas sírios descreveram como se tornaram jornalistas cidadãos e como conseguem divulgar imagens gravadas secretamente que expõem a violenta repressão contra manifestantes praticada pelo regime sírio.

Os dois militantes estariam radicados na cidade de Al Qusair, próxima à fronteira com o Líbano.

Os ativistas se identificaram como Mohammad e Abu Abdallah.

A dupla afirmou que um dos maiores entraves aos seus esforços tem sido as lentas conexões de internet com a quais têm de arcar.

Com a conexão disponível é preciso esperar até três horas para publicar um vídeo de 30 segundos na internet.

Eleição parlamentar traz à tona divisão social iraniana

A eleição parlamentar iraniana pareceu expor ontem o racha social e ideológico entre uma população mais velha e religiosa majoritariamente pró-regime e uma classe média urbana que tende a rejeitar o sistema de governo.

[Samy Adghirni, de Teerã, Folha SP, 3 mar 12] Os números oficiais do resultado das urnas e da participação popular devem ser anunciados hoje, em meio ao ceticismo dos críticos com dados impossíveis de verificar.

Ontem à noite, porém, a agência de notícias semioficial Mehr dizia que Parvin Ahmadinejad, irmã do presidente, não havia conseguido um assento no Parlamento. Continue lendo

Comboio da Cruz Vermelha é impedido de entrar em reduto rebelde na Síria

Um comboio da Cruz Vermelha chegou nesta sexta-feira à cidade sitiada de Homs, na Síria, mas teve o acesso negado ao bairro de Baba Amr, um importante reduto rebelde.

[BBC Brasil, 2 mar 12] “É inaceitável que pessoas que precisam de assistência de emergência nas últimas semanas ainda não tenham recebido nenhuma ajuda”, afirmou o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, por meio de um comunicado.

Kellenberger disse ainda que o comboio de sete caminhões e ambulâncias do Crescente Vermelho sírio vai passar a noite em Homs para tentar entrar em Baba Amr “em um futuro muito próximo”. Continue lendo

Imolações aumentam na Tunísia 1 ano após revolução

Um ano depois da queda do presidente Zine al-Abdine Ben Ali, o número de jovens tunisianos que ateiam fogo ao próprio corpo aumentou cinco vezes em todo o país.

[BBC Brasil, 13 jan 12] Muitos deles admitem que estão tentando imitar Mohamed Bouazizi, o jovem que se auto-imolou em dezembro de 2010. Sua morte desencadeou a onda de protestos e choques entre manifestantes e a polícia que acabou levando à renúncia de Ben Ali, em 14 de janeiro de 2011.

Estes protestos influenciaram a Primavera Árabe, uma onda de manifestações contra governos em vários países do norte da África e Oriente Médio. Continue lendo

Para Hobsbawm, protagonismo da classe média marca revoltas de 2011

Para historiador, classe operária perdeu seu papel histórico

A classe média foi a grande protagonista e força motriz das revoltas populares e ocupações que marcaram o ano de 2011. Esta é a opinião de Eric Hobsbawm, um dos mais importantes historiadores em atividade.

[Andrew Whitehead, BBC Brasil, 24 dez 11] Em entrevista à BBC, o historiador marxista nascido no Egito, mas radicado na Grã-Bretanha, afirma ainda que a classe operária e a esquerda tradicional – da qual ele ainda é um dos principais expoentes – estiveram à margem das grandes mobilizações populares que ocorreram ao longo deste ano.

”As mais eficazes mobilizações populares são aquelas que começam a partir da nova classe média modernizada e, particularmente, a partir de um enorme corpo estudantil. Elas são mais eficazes em países em que, demograficamente, jovens homens e mulheres constituem uma parcela da população maior do que a que constituem na Europa”, diz, em referência especial à Primavera Árabe, um movimento que despertou seu fascínio. Continue lendo