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Guimarães Rosa: discurso em agradecimento ao prêmio de “Magma”

“O poeta não cita: canta.
Não se traça programas, porque a sua estrada não tem marcos nem destino.
Se repete, são idéias e imagens que volvem à tona por poder próprio, pois que entre elas há também uma sobrevivência do mais apto.

Não se aliena, como um lunático, das agitações coletivas e contemporâneas, porque arte e vida são planos não superpostos mas interpenetrados, com o ar entranhado nas massas de água, indispensável ao peixe—neste caso ao homem, que vive a vida e que respira arte.

Mas tal contribuição para o meio humano será a de um órgão para um organismo: instintiva, sem a consciência de uma intenção, automática, discreta e subterrânea. Continue lendo

Abujamra declama Guimarães Rosa

httpv://youtu.be/ZbbFQCeYmzc
♣
Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens.”

Texto citado em entrevista a Giinter Lorenz, em janeiro de 1965, citado em “Uma cantiga de se fechar os olhos –“: mito e música em Guimarães Rosa – Página 74, de Gabriela Reinaldo – Publicado por Annablume, 2005