Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil melhora, mas em ritmo mais lento

[Fabiana Ribeiro e Henrique Gomes Batista; O Globo, 2 nov 11] O desenvolvimento humano no Brasil cresceu no último ano, mas em ritmo mais lento que até então, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011, publicado nesta quarta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O Brasil subiu uma posição no ranking global, passando da posição número 85 para o 84º lugar. O indicador passou de 0,715 para 0,718, uma alta de 0,41%, mantendo-se no grupo de desenvolvimento elevado – quanto mais perto de 1, mais desenvolvimento humano tem o país. No ano passado, o Brasil havia avançado quatro posições, pulando do 77º para a 73ª lugar. Os números mudaram porque houve algumas alterações nos critérios e mais 18 países foram incluídos no levantamento, agora com 187 nações.

A pequena elevação no desenvolvimento humano brasileiro veio pela saúde, segundo a Pnud. A expectativa de vida subiu de 72,9 anos para 73,5 anos. Já na educação, o número médio de anos de estudos do brasileiro ficou estacionado em 7,2 anos, o mesmo nível do Zimbábue, país que ocupou o último lugar no desenvolvimento humano em 2010. Este ano, o Zimbábue subiu 11 posições e está em 173º lugar. A lanterna do ranking coube ao Congo. A renda brasileira era de R$ 9.812 em 2010 e de R$ 10.162 em 2011, uma alta de 3,5%.

Apesar dos avanços, o Brasil ainda está atrás de 15 países da América Latina. Dois deles, Chile e Argentina, são classificados como nações do grupo de desenvolvimento muito elevado, na 44ª e 45ª posição, respectivamente. Ainda à frente do Brasil, mas no mesmo patamar de desenvolvimento humano elevado, estão Uruguai (48º lugar), Cuba (51º), México (57º), Panamá (58º), Antigua e Barbuda (60º), Trinindad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (90º), Dominica (81º), Santa Lúcia (82º) e Equador (83º). O pior país da região ainda é o Haiti, na 158º posição.

A Noruega continua liderando o ranking, com índice 0,943. Na sequência aparecem Austrália, Holanda, Estados Unidos, Noza Zelândia, Canadá, Irlanda, Liechtenstein, Alemanha e Suécia. Nos últimos lugares, estão Congo (na 187º posição, com IDH 0,286), Níger, Murundi, Moçambique, Chade, Libéria, Burkina Fasso, Serra Leoa, República Centro-Africana e Guiné.

Rússia lidera entre os Brics

Entre os Brics, o grupo de nações emergentes mais relevantes, a líder é a Rússia (66º lugar, com IDH 0,755), seguido de Brasil (84º lugar, IDH 0,718), China (101º lugar e IDH 0,687), África do Sul (123º lugar, IDH 0,619) e Índia (134 ] lugar e IDH 0,547).

A desigualdade continua sendo a grande mazela brasileira. Quando o IDH é ajustado pela desigualdade, o país cai para 97ª posição, com índice de 0,519, uma redução de 27,7% em relação aos 0,718 do índice geral. A diferença este ano ficou ligeiramente maior que os 27,2% de 2010, quando o país perdeu 15 posições.

Quando se considera apenas a desigualdade de renda, o IDH cai 40,7% em relação ao índice geral, também mais que os 37,4% de 2010. Há perdas em expectativa de vida (-14,4%) e na educação (-25,7%).

No mundo, a inclusão do critério desigualdade faz o IDH cair, em média, 23% na América Latina, 26,1%. Nos países de desenvolvimento muito elevado, a perda de 11,5%.

Relatório voltado para sustentabilidade

O tema deste ano do relatório foi Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos. O estudo do Pnud mostra que populações pobres tendem a ser mais afetadas por problemas climáticos. O estudo indica ainda que em um cenário de médio desafio ambiental, o IDH global em 2050 pode ser 8% inferior ao estimado para um cenários sem grandes problemas ambientais.

E na África sub-saariana, a região mais pobre do mundo, a redução do IDH pode ser de 12% na mesma comparação. Mas em um cenário de “desastre ambienta”, o IDH golbal poderia ser até 15% inferior ao cenário sem problemas climáticos.

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