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“Prioridade” para quem? Qual Evangelho? ~ Vinoth Ramachandra

[Texto publicado no Novos Diálogos, 29 nov 2010]

Contaram-me que no recente Congresso de Lausanne na Cidade do Cabo um pregador e autor americano popular afirmou veementemente que a evangelização, entendida como a proclamação verbal do Evangelho, era a “prioridade” da Igreja. Como esta é uma reação típica, instintiva, que a conversa sobre a justiça social ou a “missão integral” provoca em círculos evangélicos conservadores, é importante explorar quem está dizendo este tipo de coisa e se eles na verdade praticam o que estão dizendo.

Se as prioridades de uma pessoa são medidas pelo tempo que ele ou ela gasta no que faz, estou certo que qualquer um que observe a vida cotidiana deste pregador não concluiria que a evangelização fosse sua prioridade. Ele gastou considerável tempo e dinheiro numa longa e cara aquisição de educação. Se ele tem filhos, estou seguro que tem, da mesma maneira, investido significativamente na sua alimentação e em lhes assegurar a melhor educação possível. Não tenho dúvida de que ele come, pelo menos, três refeições ao dia e desfruta, ao menos, seis horas de sono por noite. Ele tem assistência médica e acesso à melhor atenção médica na nação mais rica no mundo. Possuindo um passaporte americano, ele pode voar livremente para (quase) qualquer lugar do mundo, sem precisar esperar em filas do lado de fora de embaixadas para conseguir vistos. Em outras palavras, seu estilo de vida privilegiado não se dá conta de muita coisa. Esse estilo de vida foi possibilitado pelo trabalho e sacrifício de tantos desconhecidos em muitas partes do mundo. E está distante da realidade experimentada pela maioria de seus irmãos que estavam presentes na Cidade do Cabo. Continue lendo

O futuro do movimento de Lausanne ~ René Padilla

Os números relacionados com o Terceiro Congresso Internacional de Evangelização Mundial — que aconteceu na Cidade do Cabo, África do Sul, de 17 a 24 de outubro, sob o tema “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19) — são impressionantes. Estiveram presentes mais de 4 mil participantes de 198 países. Além disso, houve cerca de 650 sites de Internet conectados com o Congresso em 91 países e 100 mil “visitas” de 185 países. Isto significa que milhares de pessoas de todo o mundo puderam assistir às sessões por meio da Internet. Doug Birdsall, o presidente executivo do Movimento de Lausanne, provavelmente tem razão em afirmar que Cidade do Cabo 2010 foi “a assembleia evangélica global mais representativa da história”. Sem dúvida, este resultado foi alcançado, em grande medida, por meio de seu longo esforço.

Igualmente impressionantes foram os muitos arranjos práticos que se fizeram antes do Congresso. Além do difícil processo de seleção dos oradores para as plenárias e para os “multiplexes” (seminários) e as sessões de diálogo, dos tradutores e dos participantes de cada país representado, havia duas tarefas que devem ter envolvido muito trabalho antes do Congresso: a Conversa Global de Lausanne, para possibilitar que muita gente ao redor do mundo fizesse seus comentários e interagisse com outros, aproveitando os avanços tecnológicos contemporâneos; e a redação da primeira parte (a teológica) do Compromisso da Cidade do Cabo, redigida pelo Grupo de Trabalho Teológico de Lausanne, sob a direção de Christopher Wright. Continue lendo