“Quando você puder colocar sua igreja nas costas de um camelo, então eu acreditarei que o cristianismo é para nós”...

Foi o que disse um pastor de camelos somali, no norte da África, a um missionário. Essa frase me impacta há trinta anos. Àquela época, preparávamos igrejas e missionários para levarem o Evangelho a outros povos. Hoje, além disso, também acolhemos refugiados, em sua maioria de povos não alcançados, mobilizamos e preparamos igrejas para recebê-los.
A frase é cristalina. O Evangelho, pra ser compreendido, precisa ser “encarnado”. No caso dele, um povo nômade, implica ser capaz de mover-se com eles, nos lombos dos seus camelos. A igreja é gente, e não prédio, e gente se move... Jesus nos deu exemplo. Deixou a glória e fez-se humano, indo por todas as cidades e vilas e recebendo todo tipo de gente.
Há onze anos começamos a acolher e servir refugiados. Sabíamos que estávamos tocando numa área estratégica para a missão, mas não imaginávamos que ela se tornaria uma das maiores realidades da nossa geração. Hoje, cada nação do globo é afetada pela migração. Cada igreja ou missão tem ao seu alcance pessoas deslocadas ou é afetada pelo deslocamento de seus membros.
Me refiro principalmente à migração forçada, por sobrevivência, fugindo da violência e dos desastres naturais. Estes, assim como o pastor somali se desloca quando a água ou a pastagem de seu rebanho acabam, se movem buscando condições mínimas de vida. A maior força motriz da migração sempre foi a vontade de viver das pessoas. Elas buscam VIDA.

Uma das características comuns das pessoas que acolhemos é sua frustação com sua religião, com seus líderes e com o “deus” que se oculta em silêncio, apesar de suas preces. Estão cansados de um sistema religioso que não provê respostas às suas angústias e sede existencial. “Andando com eles, no lombo de seus camelos”, somos testemunhas de que há muita sinceridade em sua busca.
Agora reflita: Que privilégio nós temos de apresentarmos Jesus - aquele que se revelou como o “caminho, a verdade e a vida”, através de nossos atos e palavras, a essas pessoas em sua jornada humana e espiritual. Vivemos tempos desafiadores. A revolução tecnológica que testemunhamos irá mudar drasticamente a humanidade nos próximos anos. Ao mesmo tempo, antigos fantasmas ressurgem com uma força intimidadora, afetando bilhões em diversas nações. A estabilidade política, econômica e ambiental parece cada vez mais frágil. E a igreja, em muitos lugares, ou está comprometida demais com o status quo para querer e ter força para socorrer os aflitos, dentro e fora de suas paredes, ou está confusa, lutando por causas que não são de Jesus.
Foi para este momento que Ele, o Senhor Jesus, nos levantou. Você e eu temos uma missão definida e objetiva, hoje: testemunhar de seu amor aos quebrantados, bordando uma comunidade de acolhimento (ligando os fios soltos), pois há um caminho a ser partilhado, uma verdade a ser anunciada, uma nova vida a ser experimentada.

Nossa família tem buscado viver dessa forma, caminhando e acolhendo migrantes forçados, compartilhando de suas lágrimas, dúvidas, angústias e anseios. E claro, celebrando todas as grandes pequenas vitórias diárias. Em nossa extrema fragilidade, buscamos forças do Alto pra avançar. Servir aos quebrantados, para nós, é nossa realidade diária. Refiro-me não somente a questões físicas ou financeiras, mas a dimensões emocionais e espirituais.
Nosso chamado está firme na presença e na autoridade daquele que nos chamou. Precisamos, contudo, expressar nossa enorme necessidade de pessoas e igrejas que nos cubram em oração, diariamente, que nos ajudem a nos equilibrar “nos lombos dos camelos” enquanto caminhamos com esse lindo e amado povo que Ele nos deu para pastorearmos. Podemos contar com você? Alguns pontos específicos de intercessão:
Desde outubro várias organizações humanitárias internacionais têm sofrido com o congelamento e corte de verbas. Isso afetou alguns de nossos parceiros e a nós, como consequência. Infelizmente, tivemos que dispensar quatro membros da nossa equipe, inclusive dois que cuidavam da comunicação, o que sobrecarregou os que ficaram e paralisou muitas atividades. Tivemos que fechar quatro casas que estavam ligadas a estes programas. ORE para que consigamos os recursos para entregar essas casas aos seus proprietários, o que inclui aluguéis, pintura e consertos.
LOUVE ao Senhor, pois apesar dessas lutas, ainda temos sete casas em funcionamento, seis em Maringá e uma em Marília, com 31 abrigados sírios e afegãos, incluindo uma viúva, duas mães solo e 15 crianças. Pela fé, temos 3 novos candidatos pra equipe. ORE por essas famílias e por nós. Que tenhamos direção e sustento.
Gabriel, Stefani e Eliza Nosso filho Gabriel e sua esposa Stefani são os responsáveis pelo braço AMBIENTAL do Abuna. Problemas respiratórios de nossa nora e neta nos levaram a transferi-los pra Curitiba, num clima mais ameno. AGRADEÇA pois o Senhor abriu as portas de uma chácara onde, em breve, retomaremos as produções de alimentos para os migrantes (frutas, legumes, verduras e ovos caipiras), bem como outros projetos estratégicos. ORE e, se puder, ajude-nos a custear a mudança e as reformas necessárias pra instalação. (Nos escreva se quiser detalhes de como participar).
AGRADEÇA pois já iniciamos os atendimentos a sírios, haitianos e venezuelanos através do CAEBE em Curitiba. São dezenas de famílias assistidas com alimentação, medicamentos e roupas. ORE pra que em breve consigamos abrir a base no centro da cidade (já temos o local) e impactar muitos outros com diversos programas, como pastoreio e ensino bíblico.
Estamos retomando o ministério de aconselhamento e encorajamento de pastores, missionários e vocacionados. ORE por sabedoria e discernimento. Que vidas sejam transformadas para a glória do Senhor.
Aprendemos que a palavra camelo veio do grego “kamelos”, a partir de uma raiz hebraica que significa “suportar ou carregar”. Então, obrigado por “camelar” conosco. Sem vocês, a jornada seria muito pesada.
Em Cristo,
José & Val Prado
Instagram @josermprado @valdiviaprado @abunabr
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ABUNA: chave PIX CNPJ 29.615.177.0001.84
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