Carta de Oração – José & Val Prado – Abr25
- José Prado
- 27 de abr.
- 5 min de leitura

O Senhor decidiu que seu Evangelho seria manifesto ao mundo por pessoas comuns, frágeis, que em atos e palavras, testificariam uma nova forma de viver, não mais em rebelião ao Criador. Ele também decidiu que esses mensageiros seriam encorajados e apoiados por outros, chamados irmãos e irmãs, que teriam o mesmo propósito e, em resposta às suas orações, Ele abençoaria ambos, pois seu amor e justiça seriam espelhados nessa jornada. Essa carta busca agradecer e encorajar a você que se coloca ao nosso lado. Muito obrigado! Seu apoio, orações e palavras importam, nos abençoam, nos protegem. Receba nossa gratidão!
No início de abril, graças a generosidade de irmãos e igrejas, participei de um encontro no Quênia, que anualmente reúne organizações cristãs de vários países que defendem a liberdade religiosa, especialmente os cristãos perseguidos. A maioria dos participantes são “experts e notáveis”, que trabalham de forma anônima e incansável para que nossos irmãos sejam defendidos nos tribunais de governos totalitários, assistindo-os, em muitos casos, por anos, buscando livrá-los de prisões e da morte. Outros, fazem o trabalho nas linhas de frente, em regiões dominadas por terroristas, garantindo rotas de fuga, atendimento médico, aconselhamento especializado, encorajamento, pastoreio e tudo o que for necessário para que nossos irmãos perseguidos e suas pequenas igrejas fiquem firmes na fé e sobrevivam. E ainda outros, como nós, que estamos nos “países livres”, fazemos o acolhimento, a integração e o pastoreio de nossos irmãos perseguidos, quando não há alternativa, senão mudar de país.

O objetivo desses encontros é prover a oportunidade para que todos esses “atores” se conheçam, se conectem e trabalhem juntos, buscando a sinergia das ações, servindo melhor a igreja e o Senhor da igreja. Tanto as seções devocionais como as informativas são cheias de vida e testemunhos impactantes. Várias vezes fomos levados às lágrimas, com expressões de “santa indignação” diante dos relatos de tanta barbárie, que culminavam em orações e abraços solidários. Palavras não conseguem exprimir a atmosfera de temor, respeito e fraternidade. A boa notícia.... a igreja está viva e avança! No poder do Espírito, na singeleza e firmeza de nossos irmãos perseguidos, na solidariedade de parte da igreja global que se apresenta nas “linhas e frente”, intercedendo, atuando, defendendo os perseguidos. O ABUNA sente-se honrado em participar anualmente desse fórum, sendo a única organização latino-americana presente. Que responsabilidade, que privilégio! Isso faz de nós embaixadores desses irmãos, de suas causas e lutas, a fim de que mais e mais pessoas se juntem no apoio à igreja perseguida.

Dos muitos apelos que ouvi, um em especial tocou meu coração: a realidade das mulheres e meninas cristãs no norte da Nigéria, uma das regiões onde a igreja mais é perseguida no mundo. Hoje, por exemplo, recebi uma breve mensagem de uma das líderes desse projeto, relatando como foi sua volta pra casa: “Ontem tive que deixar minha casa e me mudar porque, domingo passado (logo após chegar de nosso encontro no Quenia), fui assediada pelos extremistas que vieram à minha casa. Enquanto eu fugia, caí e torci as mãos e a perna. Ainda sinto dor, embora um vizinho muçulmano tenha me acolhido durante a noite. Estou um pouco traumatizada, com dor de cabeça e dores. Só preciso descansar”. Ore comigo por elas. Em breve quero trazer algo concreto em que nós, juntos, possamos participar. É preciso cuidar também daquelas que cuidam. Nós podemos fazer mais. Nós podemos fazer melhor. No retorno do Quenia fui direto à Brasília, onde pude ministrar sobre a base bíblica de missões para cerca de 50 pessoas, incluindo vários pastores e líderes, ouvir e aconselhar vocacionados e pregar em duas igrejas sobre os desafios missionários atuais. Que tempo especial. O Senhor nos visitou de diferentes formas... Momentos singulares de comunhão ao redor da mesa, onde “santas conspirações” foram compartilhadas e possíveis parcerias sonhadas. Ser hospedado, com indescritível e imerecida honra na casa de um irmão, me fez lembrar dos dias pulsantes da igreja primitiva, onde o Senhor se movia poderosamente em meio a esses encontros.

Ainda estava em Brasília, quando recebi um telefonema de uma jovem mãe afegã acolhida pedindo socorro. Seu marido havia ameaçado a ela e as suas duas filhas pequenas com uma faca na noite anterior. Rapidamente acionamos nossa equipe e conseguimos levá-la para a delegacia da mulher, onde foi ouvida e encaminhada para uma casa de proteção especializada. Uma juíza expediu uma medida protetiva contra o marido. Contudo, após alguns dias, ela fez contato com seus pais no Afeganistão, que lhe “ordenaram” a voltar ao marido. Um outro afegão aqui no Brasil foi envolvido, a pedido dos pais, e ela acabou indo para a casa dessa família. No momento ela está cancelando a medida protetiva contra o marido para que possam morar juntos novamente. Em meio a toda essa situação, uma frase, proferida por este amigo afegão, me chamou a atenção: “Isso é uma coisa normal em nossa cultura e religião. Ela também foi culpada.” Não é a primeira vez que lidamos com casos de violência doméstica entre nossos acolhidos, mas com certeza essa foi a mais grave. Ore por eles. A situação está longe de ser estabilizada. Que o marido aceite ajuda, que mude de atitude e que nada de mal aconteça. Ore também por nós, nossa equipe, que tenhamos sabedoria para lidar com as famílias, sempre demostrando o amor e a santidade de Jesus caminhando com eles no dia a dia, ainda que, necessariamente, isso implique confrontar o mal na cultura e religião.

Alegre-se conosco, pois dois de nossos jovens acolhidos afegãos foram aprovados no processo seletivo de uma conceituada universidade pública (Universidade Estadual de Maringá). Um deles enfrentou depressão após a chegada ao Brasil, e com muito carinho e ações de nossa equipe e de uma igreja parceira, conseguiu superar. A outra, uma moça, caso tivesse ficado em seu país, não poderia nem pensar em entrar na faculdade, pois o regime no poder proibiu a educação de meninas acima de 12 anos. Consegue ter a dimensão dessas vitórias? Com isso, já temos quatro acolhidos na UEM, dois terminando o mestrado(!), e esses dois iniciando o bacharel. Agradeça ao Senhor conosco... É encorajador vê-los avançando, vencendo enormes barreiras linguísticas e culturais. Na cerimônia de recepção desses novos alunos, semana passada, o reitor destacou o trabalho de acolhimento do Abuna... Glória a Deus!
Equipe – temos pessoas em processo para juntarem-se a nós nas próximas semanas. Estão na fase final de levantamento de sustento, arrumando malas, despedindo-se das igrejas, famílias e amigos. Ore por elas! Desde o final do ano passado temos operado com uma equipe bem reduzida, o que tem nos causado uma sobrecarga de trabalho e muitas tarefas importantes sem serem executadas. Ore para que e breve isso seja retomado.

Depois de várias semanas de muito trabalho, que demandou mudanças, reformas, paciência, perseverança, suor e lágrimas, nossa nova base do Abuna Ambiental está prestes a operar. Numa linda área, à beira da turística e histórica Estrada da Graciosa, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, área de Mata Atlântica, reiniciaremos nossa produção de frutas, verduras, legumes ovos caipira e mel, em sistema agroflorestal. Esses alimentos irão para a mesa das famílias acolhidas e de migrantes vulneráveis. Ali também realizaremos encontros, treinamentos, cursos de capacitação para a missão. Tudo isso pondo em prática nosso lema: “Cuidamos de gente cuidando da terra, e cuidamos da terra cuidando de gente”!
Os desafios são enormes... as portas abertas também! Ore para que o Pai nos abençoe com saúde, sabedoria, coragem, perseverança e mais pessoas e igrejas se unam nesse propósito e missão, que são DELE.
Em Cristo, com carinho e orações,
José & Val Prado
Testemunhando o amor de Jesus através de atos de amor e hospitalidade a refugiados e minorias étnicas não alcançadas.
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