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Após nova regra, Brasil só concede 30% da cota de vistos a haitianos

Há grande demanda de haitianos que querem emigrar ao Brasil, mas burocracia é empecilho.

[João Fellet, BBC Brasil, 29 fev 12] No primeiro mês em que vigorou a resolução do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) que autoriza a concessão de até cem vistos permanentes mensais para haitianos que queiram morar no Brasil, a embaixada brasileira em Porto Príncipe concedeu apenas 30% da cota.

A resolução nº 97/2012 passou a vigorar em 18 de janeiro. Até a última quinta-feira (23), segundo a missão brasileira no Haiti, haviam sido emitidos 30 vistos permanentes. A embaixada diz que alguns dos contemplados levarão parentes consigo, mas estes não entram no cálculo, já que cada visto vale para uma família. Continue lendo

Brasil se torna destino de novos imigrantes

[João Fellet, BBC Brasil, 26 jan 12] A maior projeção do Brasil no exterior, aliada às crescentes restrições à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, está provocando uma diversificação no grupo de estrangeiros que têm optado por viver em terras brasileiras.

Além de atrair cada vez mais imigrantes de países vizinhos e executivos europeus e americanos que fogem da crise econômica, o Brasil tem assistido a um aumento expressivo na chegada de migrantes e refugiados de nacionalidades que tradicionalmente não migram ao país.

No último dia 12, o governo agiu para controlar o maior desses novos fluxos, o de imigrantes do Haiti que têm entrado no Brasil pela Amazônia, ao estabelecer um limite de cem vistos de trabalho a haitianos por mês.

Dados do Ministério da Justiça também revelam aumento considerável, ainda que sobre uma base pequena, na chegada de imigrantes de países da Ásia Meridional e da África. Continue lendo

Famílias haitianas chegam a vender tudo para tentar a sorte no Brasil

Imigrantes chegam a pagar 5 mil dólares aos “coiotes” que os levam até o Brasil. Segundo representante da Organização Internacional para Migração, são os haitianos “menos pobres” que se submetem à arriscada viagem.

[DW, 12 jan 12] Desde há exatos dois anos, um dos países mais pobres do mundo vem tentando se recuperar de um terremoto devastador. Com 77% da população considerada pobre, segundo o Banco Mundial, muitos haitianos optam pela fuga.

O Brasil passou a ser um destino atraente: o governo federal prometeu regularizar a situação dos 4.100 haitianos ilegais que chegaram ao país desde 2010, mas agora as fronteiras foram fechadas. A Organização Internacional para Migração (IOM, na sigla em inglês), acompanha esse movimento migratório. Para Jean-Philippe Chauzy, representante da organização não governamental sediada em Genebra, na Suíça, são os haitianos “menos pobres” que se submetem à arriscada viagem até o Brasil. Continue lendo

O Haiti e a maldição branca ~ Eduardo Galeano

O Haiti foi o primeiro país onde se aboliu a escravidão. Contudo, as enciclopédias mais conhecidas e quase todos os livros de escola atribuem à Inglaterra essa histórica honra. É verdade que certo dia o império que fora campeão mundial do tráfico negreiro mudou de idéia; mas a abolição britânica ocorreu em 1807, três anos depois da revolução haitiana, e resultou tão pouco convincente que em 1832 a Inglaterra teve de voltar a proibir a escravidão.

Nada tem de novo o menosprezo pelo Haiti. Há dois séculos, sofre desprezo e castigo. Thomas Jefferson, prócer da liberdade e dono de escravos, advertia que o Haiti dava o mau exemplo, e dizia que se deveria “confinar a peste nessa ilha”. Seu país o ouviu. Os Estados Unidos demoraram 60 anos para reconhecer diplomaticamente a mais livre das nações.

Por outro lado, no Brasil chamava-se de haitianismo a desordem e a violência. Os donos dos braços negros se salvaram do haitianismo até 1888. Nesse ano o Brasil aboliu a escravidão. Foi o último país do mundo a fazê-lo. Continue lendo

Dois anos após terremoto, pobreza devasta o país

O Haiti não é um país destroçado pelo terremoto de janeiro de 2010. Ele já era espoliado muito antes disso, mostra relatório da Missão Salesiana, que atribui à pobreza e devastação as causas da exploração que haitianos são submetidos há séculos.

[ALC, 11 jan 12] A recuperação do país, apesar das promessas de ajuda humanitária, passados dois anos do terremoto, está longe de estar concluída. O relatório informa que 600 mil pessoas ainda vivem em acampamentos, sob lonas. Apenas um quarto dos entulhos provocados pelo terremoto foi removido.

Amanhã (hoje, dia 12), serão lembradas as 300 mil pessoas mortas pelo terremoto e as mais de 2 milhões que ficaram feridas. Perto de 80% da capital, Puerto Principe, foram destruídos. Fato positivo disso tudo, 23 mil crianças passaram a frequentar escolas depois do sismo. Continue lendo

Mais de meio milhão de haitianos vivem em campos de refugiados, diz Unicef

[Ansa, 9 jan 12] Mais de meio milhão de pessoas vivem hoje no Haiti como refugiadas e ocupam os cerca de 800 acampamentos montados nas regiões atingidas pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010.

Segundo um informe publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) por ocasião do aniversário de dois anos da catástrofe, a maior parte das 4,3 milhões de crianças haitianas enfrenta dificuldades de sobrevivência, desenvolvimento e proteção.

Diante da situação, a agência da ONU lançou um apelo para levantar US$ 24 milhões (aproximadamente R$ 44 milhões) que serão usados em ações humanitárias ao longo de 2012, em apoio às crianças mais vulneráveis.

A verba será destinada a cinco programas nas áreas de saúde, nutrição, água e serviços higiênicos e sanitários.

O terremoto que atingiu o Haiti no início de 2010, de 7 graus na escala Richter, devastou 70% das construções da capital do país, Porto Príncipe, e causou a morte de cerca de 250 mil pessoas.

Secretário acriano confirma que refugiados do Haiti são vítimas de violência

[Marcos Chagas, Agência Brasil, 3 jan 11] Os haitianos que entram de forma ilegal diariamente no Brasil pelas fronteiras do Acre com a Bolívia e o Peru, além de apresentarem problemas de saúde decorrentes da longa viagem, chegam psicologicamente transtornados. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, disse que durante o percurso até Brasileia (AC), onde ficam provisoriamente até que seja regularizada a permanência no país, os imigrantes são vítimas de violência, inclusive sexual, por bolivianos e peruanos, responsáveis pelo transporte ilegal.

Esse é um dos maiores problemas enfrentados pelo governo do Acre, incapaz de lidar com as dificuldades por que passam os 1.250 imigrantes (último registro oficial) que estão em Brasileia (AC). “Psicologicamente eles chegam o bagaço e nós não temos como fazer nada”, acrescentou o secretário acriano. Continue lendo

Traficantes de pessoas fomentam imigração ilegal no norte do Brasil

Além de haitianos, grupos de muçulmanos e afegãos já entraram no país pelo esquema dos ‘coiotes’

[Chico Otávio, O Globo, 3 jan 11] O governo brasileiro pediu ajuda à polícia peruana para enfrentar as quadrilhas dedicadas ao tráfico de pessoas na fronteira norte do país. O ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, alertou que, além de haitianos, grupos menores de muçulmanos, incluindo afegãos, já entraram no Brasil pelo mesmo esquema, operado pelos “coiotes” mexicanos, conhecidos no país por introduzir ilegalmente brasileiros e outros imigrantes pela fronteira dos Estados Unidos.

Ao contrário dos haitianos, que estão recebendo vistos humanitários, o governo age com rigor contra o tráfico de muçulmanos. Nos últimos dias, cerca de 100 deles, entre paquistaneses, indonésios e afegãos, foram deportados. Luiz Paulo Barreto disse que, para tentar burlar a polícia de fronteira, eles alegaram que pretendiam trabalhar com o abate halal, obrigação imposta a frigoríficos brasileiros que exportam carne para países árabes.

– Os frigoríficos, de fato, chegaram a contratar trabalhadores especializados no abate halal, mas não os grupos que chegaram recentemente. Eles queriam apenas um pretexto para entrar – disse Barreto, que é representante do Ministério da Justiça no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Continue lendo

Epidemia de cólera volta a atingir o Haiti e mata 17 pesssoas nos últimos dias

[Renata Giraldi*, Agência Brasil, 11 out 11] Brasília – As autoridades do Haiti confirmaram que uma nova epidemia de cólera atinge o Sul do país.  O responsável regional da Proteção Civil haitiana, Guillaume Silvera, disse que foram registrados 20 casos, dos quais 17 acabaram em morte, apenas nos últimos dias. Segundo ele, os casos foram localizados nas cidades de Anse d’Hainault, de Fond Cochon e Irois.

De acordo com  o coordenador dos Médicos do Mundo no Haiti, Jean-Kith Dely, na região Sul há problemas graves de infraestrutura nas cidades e falta de condições nos hospitais e centros de saúde. Segundo ele, alguns postos de atendimento à população foram fechados por falta de condições financeiras de mantê-los.

Para os especialistas, a epidemia de cólera voltou devido às inundações e aos deslizamentos de terra causados pela chuva constante que afeta o país. O Departamento de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas alertou que a situação se agravaria por causa da chuva.

Em pouco mais de um ano, a epidemia de cólera causou mais de 6.500 vítimas no Haiti. A situação causa alerta na comunidade internacional e gera um esforço conjunto dos países. Depois do terremoto que atingiu o Haiti em 12 de janeiro de 2010, o governo tenta buscar meios para a reconstrução não só da infraestrutura, mas também das instituições.

*Com informações da agência pública de Portugal, Lusa.//Edição: Graça Adjuto

 

Afastado, representante da OEA critica ONGs e missão de paz no Haiti

Seitenfus questiona o papel das tropas da ONU no Haiti e o dos principais países doadores.

[Fabrícia Peixoto, BBC Brasil, 29 dez 2010] Representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti há dois anos, o brasileiro Ricardo Seitenfus deverá ser oficialmente destituído do cargo em breve – decisão que ele mesmo interpreta como resposta a sua “postura crítica” em relação ao papel da comunidade internacional na recuperação do país caribenho.

O estopim teria sido uma entrevista ao jornal suíço Le Temps, na qual o brasileiro questiona não apenas o papel das tropas da ONU no Haiti, como também dos principais países doadores.

“A Minustah (Missão de Paz da ONU) não pode ser tratada como se fosse uma verdade divina, como se não pudesse ser objeto de reservas”, disse Seitenfus em entrevista à BBC Brasil.

Devastado por um terremoto em janeiro, que deixou mais de 200 mil mortos, o Haiti enfrenta agora uma crise eleitoral: ainda não se sabe como e quando se dará o segundo turno da eleição presidencial, inicialmente marcado para meados de janeiro.

Para o brasileiro, a comunidade internacional está “decidindo” pelo governo do Haiti no processo de reconstrução e as acusações de corrupção no governo local fazem parte de um “discurso ideológico”.

Criou-se uma comissão internacional para a recuperação do Haiti que até hoje está procurando suas verdadeiras funções.

“Se a gente imagina que pode fazer isso (reconstruir o país) por meio da Minustah e por meio das ONGs, nós estaremos enganando os haitianos e enganando a opinião pública mundial”, diz. Continue lendo

Estudo culpa ONGs por caos no Haiti

Organização americana diz que só 27% das doações recebidas por 20 grandes ONGs foram efetivamente aplicadas no país caribenho

[Texto de João Paulo Charleaux,  O Estado SP, 25 nov 2010]

A epidemia de cólera que já matou mais de 1.400 pessoas e deixou 20 mil infectados poderia ter sido evitada se as dezenas de ONGs instaladas no Haiti desde o terremoto de janeiro tivessem usado as doações recolhidas nos últimos dez meses, é o que diz um levantamento feito pela Disaster Accountability Project (DAP).

Até julho – seis meses após o terremoto de 7 graus na escala Richter que devastou o país, matou 300 mil pessoas e deixou mais de 1,5 milhão de desabrigados – apenas 27% do total de fundos arrecadados por 20 ONGs que atuam no Haiti havia sido usado para evitar surtos e epidemias. O resto, de acordo com a DAP, permanecia em bancos. Continue lendo

Mortos por epidemia de cólera ultrapassam 1.500 no Haiti

Mulher contamida por cólera espera atendimento em um hospital em Limbe, perto de Cap Haitien (Haiti) Foto: Emílio Morenatti/AP

O número de mortos pelo surto de cólera que atinge o Haiti chegou a 1.523, segundo novo balanço das autoridades do país. Detectada em outubro, a doença, de prevenção simples, continua se espalhando progressivamente pelo país mais pobre do hemisfério Ocidental.

[Folha SP, 25 nov 2010] Segundo o novo balanço, 66.593 pessoas foram atendidas em centros médicos com sintomas do cólera. Destas, 27.933 foram hospitalizadas.

O Departamento de Artibonite (norte), onde o surto começou, é o local mais atingido, com 723 mortos e 14 mil hospitalizados. Outras 140 pessoas morreram e cerca de 3.000 são hospitalizadas na capital Porto Príncipe, onde muitos ainda estão em acampamentos para desabrigados após o devastador terremoto de 12 de janeiro –que deixou mais de 250 mil mortos e 1,3 milhão de desabrigados. Continue lendo